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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2001 Daphne Clair

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Amor ou vingança, n.º 668 - setembro 2018

Título original: His Trophy Mistress

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9188-547-4

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

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Capítulo 1

 

 

 

 

 

Os noivos percorreram com um ar triunfante o corredor da igreja que os levava até à saída. Por detrás deles ia Paige Camden, a dama de honor, sorridente enquanto olhava para a menina de cinco anos que levava o ramo, para que esta não pisasse a cauda de cetim do vestido da noiva.

Paige inclinou-se então para pegar a menina ao colo e quando se endireitou olhou de relance para o banco que estava mais perto de si, e o seu olhar cruzou-se com uns olhos verdes e cintilantes que imediatamente lhe tiraram o sorriso dos lábios.

Mas que raio estaria a fazer Jager Jeffries no casamento da sua irmã?

Continuava tão atractivo como sempre. Os seus lindos olhos verdes marcados por umas sobrancelhas bem delineadas, contrastavam com a sua pele morena. A sua boca muito masculina e o seu nariz de guerreiro sugeriam que talvez alguns dos seus antepassados tivessem pertencido a alguma tribo índia.

O seu cabelo escuro e ondulado estava muito bem cortado e o seu fato caro e elegante, fazia realçar os seus ombros largos, as suas ancas estreitas e as suas pernas musculosas. Com os seus trinta e um anos, nada tinha a ver com aquele malandro que Paige tinha conhecido e amado apaixonadamente.

– Paige? – o padrinho estava a agarrá-la pelo braço. – Estás bem? – murmurou aproximando-se dela.

– Sim – mentiu Paige, voltando a sorrir. – É que pisei o vestido.

Deixou então de olhar para aqueles olhos verdes e alisou o seu vestido, agradecendo o braço que o padrinho lhe oferecia.

Quando chegaram à porta, um fotógrafo pediu-lhes para que se reunissem aos noivos e assim darem início à sessão fotográfica. Paige conseguiu manter o seu sorriso até chegarem ao salão onde se iria realizar o banquete e sentou-se no lugar que lhe tinha sido destinado.

Já lhe doía o queixo de tanto manter aquele sorriso e estava muito nervosa. O padrinho serviu-lhe um copo de vinho e ao levá-lo aos lábios deixou cair umas gotas no seu vestido. Disfarçadamente, tentou limpar a nódoa com um lenço molhado e quando de repente olhou para cima, viu o olhar de Jager sobre si. Não sabia se era só imaginação sua, mas estremeceu ao sentir que velhos sentimentos afloravam de novo ao seu coração.

Não conseguiu comer, apesar da belíssima comida que tinha no seu prato, mas fez um enorme esforço para manter uma conversa com o seu vizinho de mesa e para brindar e aplaudir os noivos quando era preciso. Mas apesar de não ver muito bem sem óculos, não resistiu à tentação de comprovar se era mesmo Jager que estava ali naquela festa.

E lá estava ele, sentado numa mesa próxima da sua, encostado a uma cadeira com um ar muito calmo. Quando os seus olhos se encontraram, ele levantou o copo, para lhe fazer um brinde, enquanto mantinha o seu olhar pregado ao dela. Ainda que Paige não conseguisse vê-lo com muita nitidez, sentiu a força do seu olhar, mas não lhe devolveu o brinde, pelo contrário, lançou-lhe um olhar acusador que dizia: «Como é que te atreves a aparecer no casamento de Maddie e estragares-me o dia!».

Alguém o devia ter convidado. Não acreditava que tivesse sido Maddie. A sua irmã nunca lhe teria feito uma coisa dessas. Assim sendo, o convite só poderia ter partido de Glen Provost, o novo marido de Maddie. De onde é que conheceria Jager? E porque é que Maddie não lhe tinha dito nada?

Jager poisou o seu copo sobre a mesa e continuou a olhar descaradamente para Paige. E ela olhava para ele aturdida, como um rato olha para uma serpente.

Baixou então os olhos, mas o seu coração batia tão fortemente que parecia que transparecia no seu vestido. Respirou fundo e verificou que o padrinho estava a olhar para o decote do seu vestido.

«Não és nada interessante», dizia ela mentalmente.

A cara de Paige não era nada de especial. Mas também não se importava nada com isso, já que ela e a sua irmã eram as únicas herdeiras do seu pai. Ela tinha uns olhos castanhos esverdeados, um nariz direito e pela branca. A sua figura não se comparava à beleza da sua irmã mais nova.

Os olhos de Maddie eram grandes e azuis, a sua boca era em forma de coração e o nariz um pouco arrebitado. Tinha o cabelo loiro e cheio de caracóis.

Paige, pelo contrário, tinha o cabelo liso e fino. Bem tentou torná-lo mais atractivo ao fazer-lhe uma permanente, mas o resultado foi desastroso, assim usava-o curto e manteve a sua cor castanha.

Já há muito tempo que tinha deixado de competir com a sua irmã Maddie ou com qualquer outra rapariga bonita. Paige era vulgar e tinha que aceitar-se como era. Além disso, não era feia e a sua figura também não era nada má. Tinha as mesmas medidas que a sua irmã, mas Maddie parecia ser mais torneada e mais feminina.

Enquanto os recém-casados cortavam o bolo de noiva, a mãe de Paige rodeou-a pela cintura e sussurrou-lhe ao ouvido:

– O que é que está aqui a fazer Jager Jeffries? Sabias da sua vinda?

– Não, não sabia – respondeu Paige. – Não fazia a mínima ideia.

Margaret Camden apertou os lábios e os seus olhos brilharam com repugnância.

– Não posso acreditar que a família de Glen o conheça e se dê com ele!

Quando terminaram de partir o bolo, os noivos começaram a circular por entre os convidados. Paige começou a distribuir os pratos com o bolo, mas procurou manter-se afastada da mesa onde estava Jager. Depois de deixar o tabuleiro já vazio na cozinha, dirigiu-se à casa de banho para ir retocar a sua maquilhagem.

Pintou os lábios, retocou a sombra dos olhos e o rímel das pestanas, e como o banquete já estava quase no fim, tirou os óculos da sua mala e pô-los.

Ao sair da casa de banho, desejou não ter posto os óculos, pois a dois passos dela estava Jager. De repente, pensou que ele a devia ter seguido e que estava à sua espera. Sentiu um agradável mas vago prazer, embora não o tivesse demonstrado.

Durante uns segundos, nenhum dos dois se mexeu. Paige tentou então adivinhar na cara de Jager quais os seus sentimentos e intenções, mas além do brilho nos seus olhos, não conseguiu ver mais nada.

Decidiu tomar a iniciativa e, com um sorriso, disse alegremente:

– Olá, Jager. Mas que surpresa! Não sabia que conhecias o Glen.

– Não o conheço – respondeu ele, e ao ver que ela tinha ficado surpreendida, acrescentou: – muito. É uma longa história.

Ela não estava nada interessada em ouvir aquela história e respondeu-lhe:

– Tenho a certeza que será uma história muito interessante, mas terá que ficar para outro dia.

Fingindo que tinha alguma coisa para fazer, tentou ir-se embora, mas ele agarrou-lhe um braço. Então ao sentir aquele contacto na sua pele, o seu coração sobressaltou-se e sentiu um arrepio.

– Quando? – perguntou Jager em voz baixa.

Paige sentiu uma sensação de calor e de mal-estar na sua barriga que se começou a espalhar-se por todo o corpo. Sentia-se desorientada e confusa e teve que se assegurar de que a sua voz ia soar firme ao responder-lhe.

– Quando, o quê?

– Quando é que te posso ver?

Ela puxou o braço e ele soltou-a

– Para que é que me queres ver?

As negras pestanas dele esconderam os seus olhos por uns segundos e, tomando fôlego, respondeu-lhe:

– Para pormos a nossa conversa em dia e recordarmos os velhos tempos.

Duas senhoras passaram à frente deles e Jager afastou-se dela para as deixar passar.

– Acho esse encontro desnecessário – disse ela.

– Desnecessário? – ele meteu as mãos nos bolsos e olhou-a desde o seu metro e oitenta e cinco de altura. Baixou então o tom da voz, que quase parecia o miar de um gato, tom esse que muito a tinha afectado no passado.

– Claro que não é necessário… mas sinto curiosidade. Tu não sentes?

Voltar a sair com Jager era a última coisa que ela precisava naquele momento.

– Não – respondeu ela com valentia.

Entretanto, várias pessoas iam passando por eles, mas Jager não fazia caso.

– Bem! – brincou ele. – Eu pensava que a tua família se fazia passar por muito civilizada.

– Não metas a minha família nisto!

– Com muito gosto – disse ele fazendo arquear os seus lindos lábios.

Paige não queria levantar o seu tom de voz, mas esta tremia-lhe de raiva.

– Não consigo imaginar porque é que queres falar comigo, tudo o que que nós sabíamos fazer era discutir.

A cara de Jager iluminou-se de emoção.

– Não tudo – recordou-lhe. – Havia sempre uma maneira de terminarmos a discussão – a expressão sonhadora do seu rosto levou-a também a recordar.

Paige franziu a boca. Eram doces recordações que a tinham atormentado durante anos.

– Disseste que querias conversar!

– Por acaso sugeri mais alguma coisa?

Claro que não o tinha feito, pelo menos com palavras, assim Paige ficou sem lhe responder.

As luzes atenuaram-se e a orquestra começou a tocar a valsa nupcial.

– Tenho que voltar para o salão – disse Paige. – Começou o baile.

Jager afastou-se para que ela pudesse passar, mas ela sabia que ele a seguia.

No meio da pista, Maddie e Glen estavam a dançar. As pessoas estavam à porta a vê-los dançar e Paige não conseguia passar.

Houve uma pausa na música e o mestre-de-cerimónias incentivou os convidados para que dançassem. Vários pares foram então para a pista de dança e as pessoas que estavam à porta começaram a afastar-se. Finalmente, Paige conseguiu entrar no salão e começou a andar à volta da pista de dança.

De repente, sentiu um braço à volta da sua cintura que a conduzia até ao palco.

– Não posso… – protestou, mas já os seus pés seguiam os de Jager. – O padrinho está à minha procura.

– Ele que peça a outra para dançar – disse Jager, implacável, tirando-lhe a mala e largando-a em cima de uma mesa que estava próxima. – Dança comigo, Paige.

Na realidade ele não lhe dava outra alternativa, a não ser que ela fizesse uma cena. Atraiu-a então para si, agarrou-lhe numa mão e apertou-a contra o seu peito. Tinha desapertado o casaco e ela sentia o calor da sua pele através do tecido fino da camisa. O seu odor embriagava-a, tornando-se ao mesmo tempo estranho e familiar.

Há algum tempo atrás, ela tinha tentado ensinar-lhe alguns passos de dança que tinha aprendido no colégio, mas ele só se sabia rir e, sem mexer os pés, apertava-a contra ele e mexia-se ao som da música. Corpo contra corpo. Tão próximo que dava para sentir os cabelos dela na sua cara, assim como para a beijar.

Paige fechou os olhos. Por um momento, deixou que as recordações a invadissem. Não dizia nada e Jager também não. Ela inspirava o seu calor, o seu aroma masculino e recordava o tempo em que eram jovens e estavam apaixonados, quando ainda acreditava que conseguia vencer a oposição dos pais deixando de lado as diferenças entre as classes sociais, assim como a falta de dinheiro e de experiência de vida. Qualquer coisa era válida desde que permanecessem juntos.

E como quase todos os amores da juventude, os seus sonhos desvaneceram-se, desapareceram com o choque do mundo real, do mundo dos adultos.

Ela soltou então um som que era metade suspiro, metade riso, e, apesar da música, ele ouviu-o e olhou-a.

– O que é que foi? – perguntou.

Com um sorriso amargo, ela respondeu-lhe:

– Nada.

Ele continuou a olhar para ela.

– Nada – repetiu. E os seus olhos brilharam. – Como que nada? – disse ele, deitando a cabeça para trás, e soltou um riso muito profundo e muito sonoro, que fazia lembrar o rapaz do passado.

Paige sentiu um nó na garganta e um sopro de felicidade percorreu o seu sangue, como um eco dos seus sentimentos reprimidos durante muito tempo.

Então ele surpreendeu-a com alguns passos de dança, enquanto a apertava com muita força, fazendo-a dançar ao seu ritmo. Ela sentia a força dos seus músculos enquanto as suas coxas roçavam nas dela. Quando a música parou, eles ficaram quietos e abraçados como se estivessem sozinhos no mundo. Ele já não se estava a rir. Pelo contrário, o seu semblante era sombrio e apertava-lhe a mão de tal maneira que a magoava. Mas para Paige havia outras sensações que a invadiam naquele momento. A sua respiração ficou mais acelerada e o seu corpo ardia como um fogo lento e lânguido.

– Paige – sussurrou ele, como se só naquele instante se tivesse dado conta de quem estava a segurar, e suspirou.

Outra voz, a da sua mãe, uma voz aguda e angustiada que fez quebrar o feitiço.

– Paige!

Ela pestanejou e tentou soltar-se dos braços de Jager, embora ele não o tivesse permitido.

A sua mãe ia de braço dado com o seu pai. Henry sentia-se incomodado, mas Margaret tinha um ar autoritário.

– O Blake está à tua procura – disse ela a Paige. – Esta deveria ter sido a sua dança.

– Blake? – por um momento, parecia ter ficado com falta de memória. Era o padrinho.. – Não o vi – aliás, ela não tinha visto mais ninguém desde que Jager a tinha conduzido até à pista de dança. Olhou para ele. – É melhor… – tentou libertar-se do seu braço em vão.

Percebeu o olhar de Jager. «Não me obrigues», dizia-lhe, mas apesar de tudo afrouxou a pressão no seu braço e deixou-a voltar-se para os seus pais. Olhou-os e cumprimentou-os educadamente.

– Como é que está, senhora Camden…, senhor Cadmen?

Henry Cadmen assentiu, estupefacto, mas Margaret disse numa voz cortante:

– Estamos bem, Jager, e Paige também, como já o pudeste verificar – fez uma pausa para olhar para a sua filha e continuou: – Não esperávamos ver-te por aqui.

– Foi uma decisão tomada à última da hora.

– Ah sim?

Henry dirigiu-se então a Jager.

– Ouvi dizer que estás muito bem na vida.

Margaret olhou, surpreendida, para o seu marido. Era a primeira vez que ouvia tal coisa.

– Ouviu?

– Dizem que voas muito alto.

– Cá me vou arranjando.

Henry soltou uma gargalhada.

– Eu diria que é muito mais do que isso.

– Ai sim?

– Do que é que tu estás a falar, Henry? – perguntou Margaret.

Em vez de lhe dar explicações, Henry olhou à sua volta.

– Estamos a impedir a passagem. Se queremos conversar, o melhor é irmos para outro lugar.

A música parou e vários pares deixaram a pista de dança.

Margaret olhou para Jager e disse:

– Como dama de honor, Paige tem algumas obrigações.

Jager retirou então as mãos de Paige.

– Eu não a tenho prisioneira – disse com um olhar provocante, perguntando-lhe depois em voz baixa: – Queres ir-te embora, Paige?

Mais uma vez, as recordações do passado afloraram ao seu pensamento. Era isso que ele pretendia?

– Tenho obrigações para cumprir – disse ela, desculpando-se. Mas logo depois disse mais energicamente: – Foi muito agradável voltar a ver-te, Jager.

Então a sua mãe respirou aliviada. Jager arqueou uma sobrancelha e sorriu a Paige, com um sorriso de gozo e ao mesmo tempo de aviso de que não ficariam por ali.

Ela estremeceu. Jager tinha mudado muito ao longo dos anos. Demonstrava segurança em si próprio, ao contrário da atitude de desafio e de defesa de outros tempos. Além disso, transmitia uma sensualidade que era inexistente noutros tempos, assim como se tinha transformado num homem muito atractivo, qualidade que deveria ter herdado dos seus progenitores desconhecidos. Enfim, tinha-se convertido num homem seguro em relação à sua sexualidade, que escondia debaixo do seu ar polido e mundano, e deixado para trás o seu ar de homem inexperiente e verde em relação a essa mesma sexualidade. Isso fazia-o tornar-se um homem muito mais perigoso se, como ela tinha percebido, tivesse aprendido a usar essas qualidades como uma arma.

Mas ela também tinha mudado, pensou Paige enquanto se afastava dele e ia à procura da sua irmã ou do padrinho. Já não se sentia presa dos seus impulsos e fantasias românticas. Tinha aprendido que o amor era algo mais que sexo, e a vida era algo mais que desejo, e já não acreditava que o desejo conseguisse vencer qualquer obstáculo.

Paige já não acreditava que só os sentimentos é que eram importantes numa relação. Ela tinha aprendido esta lição da maneira mais dura, e tinha decidido que para o resto da sua vida, seria sempre a razão a mandar no seu coração.

Ao encontrar Maddie, dirigiu-se a ela e, sorridente falava com todas as pessoas que iam cruzando o seu caminho. Maddie olhou para ela e escapuliram-se as duas para uma sala que havia ao pé do salão.

Maddie fechou a porta.

– Estás bem? Desculpa, Peg. Não fazia ideia de que Jager vinha ao nosso casamento. É uma coincidência incrível. Nem vais acreditar.

– Coincidência? Ele não foi convidado?

– Glen convidou-o. Ele não sabia… Como é que ele iria saber, se eu nunca falei no seu nome? Acontece que Jager é seu parente.

– De Glen?

Maddie assentiu.

– São meios-irmãos.

Paige abriu a boca. Os seus pensamentos pareciam um torvelinho.

– Então Jager encontrou por fim a sua família!

Maddie olhava-a de uma forma estranha.

Pouco a pouco, Paige conseguiu raciocinar com mais clareza.

– A mãe de Glen…?

– Não. O seu pai e uma rapariga que conheceu antes de se comprometer com a mãe dele. Mas é claro que a senhora Provost ainda não sabe de nada. O senhor Provost pediu-lhes para eles manterem segredo, pois ela já andava nervosa por causa do casamento e não havia necessidade de a enervar mais. Além disso, quer ser ele a falar primeiro com ela. Mas é claro que Glen quis que o seu irmão viesse ao seu casamento, pois apesar de só se terem visto um par de vezes, já se tornaram grandes amigos.

Glen era filho único e é claro que o facto de saber que tinha um irmão o deveria ter impressionado muito.

– Há quanto tempo é que tudo isso aconteceu? Deve ter sido muito recentemente.

– Há algumas semanas, penso eu. Eu não sabia de nada, só hoje é que Glen me contou. E eu não consegui falar contigo antes, apesar de não ter contado nada a Glen sobre o vosso passado – Maddie torcia as mãos à medida que falava. – Estragou-te a festa?

– Claro que não! – claro que tinha havido tensão no seu encontro com Jager, pois era como mexer em velhas feridas, mas tinha-a relevado por Maddie, e também sobreviveria ao que tinha acabado de ouvir. Não poderia deixar que nada estragasse o dia mais feliz para Maddie. – Deixámos ambos os nossos erros de juventude para trás. É divertido – mentiu, – vê-lo de novo e pormos a nossa conversa em dia.

Paige ficou contente ao ver como a sua irmã parecia aliviada.

– Eu penso que para vocês tudo acabou há uns anos atrás – disse Maddie. – Tens a certeza que não te incomoda?

Não havia nada que pudessem fazer.

– Deixa de te preocupares, Mad. É melhor voltarmos para o salão, senão o teu marido pode pensar que tu o abandonaste.

– Nunca! – Maddie voltou-se para o espelho. – Meu marido! – repetiu sonhadora. – Consegues imaginar-me como uma madura senhora casada?

– Madura, não – contradisse Paige. Maddie tinha vinte e cinco anos e ela, vinte e nove. – Mas sim suficientemente adulta para saberes o que fazes. O que já eu não posso dizer sobre o meu primeiro casamento.

Maddie olhou para ela com muita compreensão e Paige pensou que, além de bonita, a sua irmã era muito doce e boa, e que Glen tinha muita sorte.

– Não foi um casamento como deve ser, não achas? – comentou Maddie. – Na realidade, nem conta como um verdadeiro casamento.

– Pois não – a voz de Paige soou firme. – Não conta para nada.