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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2010 Margaret Mayo

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Uma segunda vez, n.º 1294 - maio 2018

Título original: Married Again to the Millionaire

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9188-296-1

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

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Capítulo 1

 

 

 

 

 

O coração de Sienna pulsava depressa enquanto esperava diante do portão do jardim do bloco de apartamentos exclusivo, na margem do Tamisa. Tratava-se de uma residência destinada apenas aos mais ricos, uma categoria a que Adam não pertencia da última vez que se tinham visto.

Ao não obter resposta, suspirou, aliviada. Estava prestes a partir quando ouviu a voz familiar de Adam através do intercomunicador.

– Sienna?

Uma voz profunda que, como Sienna sabia por experiência, podia ser tão suave como o veludo ou tão afiada como uma adaga. Adam tinha usado ambas no passado ao dirigir-se a ela e Sienna não conseguiu evitar estremecer ao ouvi-la.

Até àquele momento, não lhe passara pela cabeça que pudesse estar a ser observada através de uma câmara e imaginar que Adam estava naquele momento a olhar para ela gelou-lhe o sangue. Estar a par da sua chegada punha-o numa situação de vantagem.

– Adam! – porque é que a voz lhe saía aguda, quando se propusera soar segura? E porque é que Adam a mantinha à espera, em vez de a deixar entrar? Talvez nem sequer quisesse vê-la. Afinal de contas, tinham passado cinco anos. – Tenho de falar contigo.

– Depois de tanto tempo? Que curioso! Entra.

Ignorando o efeito que a sua voz tinha sobre ela, Sienna esperou que o portão se abrisse e atravessou lentamente o jardim, até chegar à entrada principal, onde encontrou outro intercomunicador com câmara de vigilância. Carregou no botão correspondente e esperou. E esperou. Depois do que lhe pareceu uma eternidade, ouviu novamente a voz de Adam.

– Pareces impaciente, Sienna.

– O que estás a fazer? – perguntou ela, irritada, arrependendo-se de ter tomado a decisão de vir vê-lo.

– Estava a tentar adivinhar o que te fez vir até aqui.

– Se não me deixares entrar, nunca saberás. De facto, não te incomodes. Mudei de ideias – Sienna virou-se e começou a andar.

– Espera! – exclamou Adam. Sienna ouviu a porta a abrir-se. – Sobe até às águas-furtadas. Apanha o elevador da direita.

Sienna entrou no elevador, com as instruções de Adam a ecoarem na sua cabeça. Em apenas alguns segundos, as portas abriram-se para um corredor forrado a faia, com um chão de ladrilhos cor de cobre e verdes, e uma iluminação indirecta delicada. Nos cantos havia vasos de barro com plantas e ao fundo, um espelho onde se viu reflectida com expressão aterrada. Os seus olhos azuis pareciam duas brasas no seu rosto pálido, tinha o cabelo castanho despenteado e, de tanto mordiscar os lábios, já não tinha batom. Não era a imagem que queria projectar, portanto, parou alguns segundos para respirar fundo, obrigou-se a sorrir, penteou-se e retocou o batom. Justamente quando guardava o batom na mala, abriu-se uma porta e Adam encaminhou-se para ela.

Sienna conteve a respiração ao ver como tinha mudado. De extremamente magro tinha passado a ter um corpo musculado e forte, como se fosse regularmente ao ginásio, embora, pelo que costumava ler sobre ele na imprensa, lhe custasse a acreditar que tivesse tempo. O seu deus continuava a ser o trabalho, ao qual continuava a dedicar todas as horas do dia.

Apertava os maxilares, com a covinha característica sob os seus lábios esculpidos, os seus olhos azul-escuros pousaram, escrutinadores, em Sienna, enquanto as suas sobrancelhas pretas se arquearam numa expressão inquisitiva. O único traço que permanecia imutável era o seu cabelo preto e ondulado, despenteado e mais comprido do que o habitual num homem de negócios.

– Ena, Sienna! Pensava que nunca mais voltaríamos a ver-nos! – a sua voz profunda ecoou no espaço vazio. – Como descobriste onde vivo?

Sienna arqueou as suas sobrancelhas finas.

– Apareces na comunicação social com muita frequência, portanto, bastou fazer algumas perguntas para descobrir.

Durante aqueles anos tinha-lhe sido fácil seguir-lhe o rasto. Tinha passado de um simples promotor imobiliário a comprar empresas em crise, que desmantelava e revendia, obtendo lucros exorbitantes. Tinha sido votado várias vezes como homem de negócios do ano. E também era conhecido por doar muito dinheiro a causas solidárias.

– Sempre soube que teria sucesso – disse ele, encolhendo os ombros.

– Mas a que preço? – perguntou ela, automaticamente.

A sua obsessão em enriquecer fora uma das razões para que o tivesse deixado.

Adam apertou os lábios.

– Vieste falar sobre o meu sucesso ou queres dinheiro? Pois, lamento…

– Enganas-te – interrompeu-o Sienna, embora pudesse entender as suas suspeitas.

A maioria das mulheres que conhecia teria agido dessa maneira, mas ela era demasiado orgulhosa e tinha preferido ser pobre a pedir-lhe dinheiro. Quanto ao divórcio, sempre tinha gostado da ideia de estar casada. Se se tivesse apaixonado por outro homem, ter-lho-ia solicitado, mas não fora o caso. E Adam também não tinha desejado voltar a casar-se ou teria entrado em contacto com ela.

Uma vez dentro do apartamento, Sienna parou e olhou à sua volta. Tratava-se de um espaço diáfano, com toda a fachada envidraçada, que se abria para um terraço de chão de ardósia, decorado com plantas e mobiliário de bambu, com uma vista espectacular do Tamisa.

O interior tinha uma decoração minimalista, com cores delicadas, sofás e poltronas de couro castanho, e mesas de vidro, uma televisão gigante na parede e uma cozinha sofisticada aberta para a sala.

– Senta-te, por favor – Adam assinalou uma das poltronas, mas Sienna abanou a cabeça.

– Prefiro ir lá para fora – apesar da amplitude do espaço, a presença de Adam causava-lhe claustrofobia.

– Como queiras – Adam precedeu-a até ao terraço. – Queres beber alguma coisa ou preferes dizer o que vieste dizer e partir?

A aspereza com que falou fez Sienna estremecer. Sempre tinha sido um homem decidido e com uma capacidade inesgotável de trabalho, mas, com o tempo, tinha adquirido uma frieza e uma dureza que não costumava ter.

– Bebo qualquer coisa, obrigada.

– Chá, café, alguma coisa mais forte?

– Sim – respondeu Sienna.

Alguma coisa que a ajudasse a relaxar e não se sentir intimidada. Tinha ensaiado o seu discurso centenas de vezes, mas não tinha esperado encontrar-se com um Adam tão arrebatador, frio e seguro de si mesmo.

– «Sim» às três coisas? – perguntou Adam, arqueando um sobrolho.

– A uma coisa mais forte.

Adam esboçou um sorriso de presunção.

– Vinho, brande?

O seu tom sarcástico não passou despercebido a Sienna. Levantou o queixo e cravou os olhos nos dele. Tinha esquecido como era bonito e, por uma fracção de segundo, sentiu, horrorizada, calor entre as coxas.

– Vinho, por favor.

Assim que ficou sozinha, Sienna fechou os olhos, arrependendo-se de se ter deixado levar pelo impulso de contactar Adam depois de tantos anos de silêncio. O mais sensato seria explicar-lhe a razão da sua visita e partir imediatamente. Mas, desde que os seus olhares se tinham encontrado, tinha sentido o mesmo desejo por ele que no passado. Sempre tinha sido um amante excepcional, ardente e apaixonado. Mas, assim que se tinham casado, Adam tinha passado de ser o seu cavaleiro andante para se transformar num marido distante e obcecado pelo trabalho.

– Aqui tens.

Sienna abriu os olhos e, assim que se encontrou com os dele, sentiu mais uma vez que o seu corpo despertava da letargia. Andava há anos a dizer a si mesma que o odiava, portanto, a sua reacção tinha de ser exclusivamente física. Como poderia amar um homem que preferia o trabalho à esposa?

O vinho tinha um aspecto delicioso, fresco e tentador. Sienna observou Adam a servir um copo do líquido dourado, que criou imediatamente uma camada de condensação no copo, que ela acariciou com um dedo ao agarrá-lo.

Adam observou-a, com os olhos semicerrados, fazendo-a sentir que tinha feito um gesto erótico, como se, em vez do copo, o tivesse acariciado a ele.

Uma nova onda de calor percorreu-a e Sienna bebeu precipitadamente o vinho para a neutralizar. Ao deixar o copo sobre a mesa, surpreendeu-a descobrir que quase o tinha esvaziado.

– É assim tão horrível ver-me? Porque não dizes já o que te trouxe aqui?

A amargura do seu tom fez com que Sienna olhasse para ele. Os seus lábios estavam franzidos e os seus olhos olhavam-na, gélidos.

Para poder contar-lhe o motivo da sua visita, Sienna precisava de se sentir mais cómoda com ele.

– Tens uma casa muito bonita – disse. – Partilha-la com alguém?

– Se estás a perguntar se tenho namorada, a resposta é «não». Devias conhecer-me melhor. Sabes que o meu único amor é o trabalho.

– Portanto, não mudaste. E para que queres tudo isto se não podes desfrutá-lo? – perguntou ela, indicando o apartamento com um movimento dos braços.

– Para me sentir seguro e ter coisas de que gosto – Adam não desviava os olhos dela. – Também tenho um apartamento em Paris e outro em Nova Iorque.

– E será que já tens tanto dinheiro que não sabes no que gastá-lo? – perguntou Sienna, sem conseguir esconder o seu desprezo.

– Se vieste questionar o meu estilo de vida…

– Não, não é isso – disse Sienna, precipitadamente, embora ainda não estivesse preparada para lhe dizer a verdadeira razão da sua visita. Era um assunto tão delicado que precisava que Adam estivesse com o humor adequado. – Só me estranha que tenhas tantas casas e ninguém com quem as partilhar.

– Estás a oferecer-te? – perguntou ele, com um sorriso insinuante que fez Sienna estremecer.

Sienna achava mortos os seus sentimentos por Adam Bannerman. Não queria sentir nada por ele, senão desdém, e, se estava ali, era por uma razão muito forte.

– Já experimentei o que significava viver com um viciado no trabalho – disse, com frieza, – e sei que não é nada agradável. Portanto, não é de estranhar que não tenhas encontrado nenhuma mulher que queira viver contigo.

– O que se passa, queres o divórcio? Sempre me perguntei porque não o pedias.

– Igualmente – replicou Sienna, olhando-o, desafiante.

– Não tive tempo, nem vontade – disse Adam, com parcimónia, sem desviar os olhos dela. – Tinha a certeza de que um dia tu darias o passo. O que não esperava era que viesses fazê-lo pessoalmente.

– Foi um erro – disse ela, sem pensar. – É melhor ir-me embora.

Não lhe parecia possível puxar o assunto que a tinha trazido até ali. Embora lhe desse pena imaginar como ficaria sozinho na vida se continuasse obcecado pelo trabalho, Adam tinha deixado claro que não queria que nada perturbasse uma vida com a qual era feliz

– Não te deixarei partir enquanto não me disseres a razão pela qual vieste – disse ele em tom autoritário. – Porque não acabas o vinho?

Sienna lançou-lhe um olhar de indignação e acabou o vinho de um gole.

– Já está! – exclamou e levantou-se.

Adam imitou-a e ela alegrou-se por usar uns saltos que a faziam tão alta como ele. Pelo menos, assim sentia-se menos intimidada. Ele insistiu:

– O que te trouxe até aqui?

Sienna fechou os olhos e engoliu em seco. Tinha de o fazer. Não havia volta atrás. Respirou fundo e, finalmente, disse:

– Vim dizer-te que tens um filho.

Capítulo 2

 

 

 

 

 

Adam ficou perplexo ao ouvir as palavras de Sienna. Um filho! Um filho que devia ter quatro anos e do qual ela não se incomodara em falar-lhe!

Sentia o sangue a bulir nas suas veias e gostaria de gritar com Sienna, de a abanar por ter demorado tanto tempo a dizer-lho.

Era-lhe impossível assimilá-lo. Nunca tinha imaginado nada parecido. Nunca quisera uma família. Era feliz como estava. Não queria um filho que irrompesse na sua rotina. E porque teria Sienna decidido contar-lhe naquele momento e não quando descobrira que estava grávida? Os seus olhos brilharam de raiva ao suspeitar da resposta.

– Não sou o pai, pois não? O que queres é o meu dinheiro. Vai-te embora, Sienna. Vai-te embora!

Tinha de estar a mentir. Nenhuma mulher criaria um filho sem pedir ajuda financeira, sem exigir ao pai que assumisse a sua responsabilidade.

Sienna endireitou os ombros e os seus olhos azuis fantásticos cintilaram. Parecia uma leoa a proteger a sua cria.

– Garanto-te que é teu.

– É o que tu dizes – Adam não pensava deixar-se enganar tão facilmente.

– Queres uma prova definitiva? Sabes que é muito fácil consegui-la.

Os seus olhares encontraram-se e Adam viu nos olhos de Sienna que estava a ser sincera. A sua suspeita perdeu-se algures no seu cérebro e pensou que talvez aflorasse novamente quando visse a criança. Ele parecia-se muito com o seu pai, portanto, podia esperar encontrar algum traço comum no seu filho.

Cruzou os braços e disse, com severidade:

– Se for verdade que é meu filho, porque esperaste tanto para mo dizer?

O coração batia-lhe com força no peito. Preferia manter-se a alguma distância de Sienna por receio de não conseguir reprimir o impulso de a abanar até que explicasse porque tinha guardado o segredo.

Estava linda com uma blusa branca e preta, e umas calças pretas elegantes que realçavam a curva sexy do seu rabo. Umas sandálias pretas de salto alto tornavam-na tão alta como ele e o cabelo castanho brilhante e espectacular emoldurava o seu rosto delicado. Não tinha absolutamente o aspecto de uma mãe de uma criança de quatro anos.

– O meu primeiro instinto quando soube que estava grávida foi dizer-te – disse ela, mantendo o olhar fixo nele. – Mas, como sempre tinhas deixado claro que não querias ter filhos, supus que daria lugar a outra discussão desagradável – Sienna levantou os ombros e deixou-os cair. – Portanto, decidi criar Ethan sozinha.

O seu filho chamava-se Ethan!

– E porque vieste? – perguntou Adam, com aspereza, ignorando o desconforto que lhe causara a verdade que havia nas palavras de Sienna.

Embora sempre tivesse dito que não queria ter filhos, jamais teria descuidado um filho deles. Ter-lhe-ia dado o seu amor e teria mudado o seu estilo de vida por eles. Ou assim pensava, apesar de, no fundo, saber que teria odiado ter de o fazer.

– Se não queres dinheiro – acrescentou, sem esperar pela resposta, para evitar pensar em si mesmo, – porque decidiste contar-me?

O choque não tinha passado e, apesar de não beber, pensou que precisava de um copo para assimilar a notícia.

– Porque… – começou Sienna, baixando o olhar – Ethan esteve muito doente – levantou o olhar toldado pela dor. – Esteve prestes a morrer de meningite e dei-me conta de que, se morresse sem que o conhecesses, teria cometido uma injustiça.

Adam sentiu um aperto no peito e o sangue acelerou-lhe nas veias. O seu filho tinha estado prestes a morrer e ele nem sequer soubera! Percorreu a distância que o separava de Sienna e agarrou-a pelos ombros com tanta força que ela fez uma expressão de dor.

– Que tipo de mãe és, se foste capaz de negar uma figura paterna ao teu filho e mais ainda num momento como esse? – resmungou. – Ele está bem?

Sienna assentiu com a cabeça, mas, em vez de tentar soltar-se, ficou a olhar para ele, com tristeza. Adam viu como se formavam lágrimas nos seus olhos e caíam pelas suas faces, e, enquanto uma parte dele quereria secar-lhas com delicadeza, a outra, a que estava furiosa, quereria bater-lhe. Finalmente, não fez nem uma coisa, nem outra. Largou-a, tirou um lenço do bolso e pôs-lho na mão. Depois, deu meia volta e dirigiu o olhar para o horizonte de Londres, embora não visse nada, porque estava cego pela raiva, pela desilusão e pela descoberta de que o seu filho tinha estado às portas da morte sem ele saber.

Sentiu um nó na garganta e um sentimento estranho que não soube identificar. Habitualmente, era um homem frio, que evitava as emoções, tanto na sua vida profissional, como na privada. E, no entanto, Sienna acabava de abrir uma racha na sua armadura.

Saber que tinha um filho já era suficientemente desconcertante para, além disso, descobrir que tinha estado prestes a morrer. Não sabia quanto tempo permanecera naquela posição, até que a voz de Sienna o afastara da sua introspecção. Virou-se para ela.

Os seus olhos, que, às vezes, pareciam turquesas, estavam extremamente claros.

– Desculpa – disse, com voz quase imperceptível.

– Diz-me uma coisa – perguntou ele, furioso, – se o meu filho não tivesse ficado doente, ter-me-ias contado?

– Não sei – respondeu Sienna, sem desviar os olhos dele. – Sinceramente, não sei. Mas, pela maneira como estás a reagir, acho que fiz o correcto. É evidente que continuas sem querer filhos e que o trabalho é o mais importante para ti – fez uma pausa, mas Adam não a contradisse. Sienna continuou: – Ethan não teria tido um pai se tivesse ficado contigo. Quando voltasses do trabalho, ele já estaria na cama e sairias antes que ele acordasse, e não é disso que uma criança precisa.

Fez outra pausa, mas Adam também não disse nada, porque sabia que tinha razão. Sienna continuou:

– No entanto, acho que devem conhecer-se, mesmo que depois cada um continue a viver a sua própria vida.

– Por outras palavras – disse ele, entredentes, odiando a imagem de si mesmo que lhe apresentava, por muito verdadeira que fosse, – agora consideras-te no direito de me exigir dinheiro, tal como suspeitava.

– Bolas, Adam Bannerman! A única coisa que quero é que o meu filho saiba o que é o amor de um pai, mas está claro que me enganei! – explodiu Sienna, com olhos cintilantes, ao mesmo tempo que dava meia volta.

Ouviu-se um rangido quando Sienna cambaleou e um dos saltos se partiu. Adam agiu com prontidão e segurou-a, para evitar que caísse, agarrando-a e apertando-a contra si.

Tinha esquecido a sensação de a abraçar. Sienna transformara-se numa mulher bonita e sensual. Adam reparou que se excitava e afastou-a imediatamente de si. Sienna acabava de lhe dar uma notícia devastadora e, em vez de a odiar, desejava-a. Além disso, devia evitar que soubesse que ainda tinha aquele efeito sobre ele, se não quisesse que o usasse a favor dela. Ainda não estava convencido de que o único motivo da visita fosse falar-lhe da doença de Ethan. Devia haver mais alguma razão.

Sienna sentiu-se estúpida por ter partido o salto e mais ainda quanto tentou imaginar como voltaria para casa. Teria de chamar um táxi, embora fosse um gasto que não podia permitir-se. Além disso, teria de comprar uns sapatos novos para a sua amiga que lhos emprestara. E o pior de tudo era a humilhação da cena e ter necessitado que Adam a ajudasse.