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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2006 Melanie Milburne

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Na sua cama, n.º 2199 - janeiro 2017

Título original: The Secret Baby Bargain

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9458-7

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Assim que chegou a casa dos seus pais, naquele dia à tarde, depois do trabalho, Ashleigh soube que se passava alguma coisa.

– Mamã? – perguntou, deixando cair a sua mala no chão enquanto procurava com o olhar o seu filho, que em breve faria quatro anos. – O que se passa? Onde está Lachlan?

– Querida… – Gwen Forrester apertou as mãos, preocupada. Engoliu em seco, nervosa. – Lachlan está bem… O teu pai levou-o a pescar, há duas horas.

– Então o que se passa? – perguntou Ashleigh, franzindo o sobrolho. – Parece que acabaste de ver um fantasma.

– Não sei como dizer-te isto… – Gwen tomou a mão da sua filha entre as suas.

Ashleigh sentiu como o seu coração acelerava. Há muito tempo que não via a sua mãe tão preocupada. Perguntou-se se aquilo não teria nada a ver com Jake Marriott, mas pensou que não podia ser, depois de tantos anos… Quatro anos e meio.

– Meu Deus, mamã, estás a assustar-me! O que se passa?

– Ashleigh… ele voltou.

Ao ouvir o que a sua mãe disse, sentiu que o sangue lhe gelava nas veias e sentiu um aperto no estômago de medo.

– Esteve aqui há pouco – explicou Gwen, que tinha a preocupação reflectida nos olhos.

– O quê? – conseguiu dizer finalmente Ashleigh. – Veio aqui? Ele?

– Não te preocupes – Gwen apertou a mão à sua filha. – Lachlan já tinha saído com o teu pai. Não o viu.

– Mas talvez tenha visto as fotografias – Ashleigh sentiu novamente um aperto no estômago ao pensar em todas as fotografias do seu filho que os seus pais tinham na sala. – Oh, meu Deus! Terá visto os brinquedos?

– Não viu nada. Não o convidei a entrar e, além disso, já tinha arrumado a casa.

– Graças a Deus… – disse Ashleigh, sentando-se numa cadeira, com a cabeça entre as mãos, tentando esclarecer as ideias.

Jake voltara! Depois de quatro anos e meio, quatro solitários e dilacerantes anos, ele voltara para a Austrália. Para Sidney.

– O que queria? – perguntou à sua mãe.

– Quer ver-te – disse Gwen. – E não aceitará um não como resposta.

«Não mudou», pensou Ashleigh, amargamente. Jake Marriott estava habituado a levar a sua avante e normalmente não tinha nenhum problema em ser inflexível até conseguir o que queria.

– Não posso vê-lo – disse Ashleigh, que estava muito alterada. Levantou-se da cadeira e começou a caminhar pelo corredor. – Simplesmente, não posso vê-lo.

– Querida… – a sua mãe falou-lhe com delicadeza, mas na sua voz adivinhava-se uma clara recriminação. – Já lhe devias ter contado de Lachlan. Tem direito a saber que é o pai do menino.

– Não tem nenhum direito! – Ashleigh olhou para a sua mãe, zangada. – Ele nunca quis ter um filho. Deixou-o claro desde o início. Não se casaria nem teria filhos comigo. Esse era o acordo.

– Mesmo assim, devias ter-lhe dito.

– Não percebes, pois não, mamã? Mesmo depois de tantos anos, queres fazê-lo parecer um bom tipo – Ashleigh olhou para a sua mãe com rancor e continuou a falar. – Bom, para tua informação, se tivesse contado a Jake que estava grávida, ter-me-ia pressionado para que abortasse.

– Isso teria sido uma decisão tua – disse Gwen, ainda preocupada. – Dificilmente te poderia ter obrigado a fazê-lo.

– Eu só tinha vinte anos! – exclamou Ashleigh, quase a chorar. – Estava a viver no estrangeiro com um homem nove anos mais velho do que eu, pelo que teria feito qualquer coisa. Se me tivesse pedido para saltar da torre de Londres, provavelmente tê-lo-ia feito. Amava-o tanto!

Gwen suspirou enquanto abraçava a sua filha, acariciando o seu cabelo loiro, como fizera quase sempre durante os vinte e quatro anos de vida de Ashleigh.

– Oh, mamã…! – Ashleigh tentou não chorar. – O que vou fazer?

– Vais vê-lo, porque embora não lhe devas mais nada, deves-lhe isto. Disse-me que o seu pai faleceu recentemente. Presumo que terá sido por isso que voltou a Sidney – disse Gwen, afastando a sua filha de si, delicada, mas firmemente.

Ashleigh franziu levemente o sobrolho enquanto seguia a sua mãe para a cozinha. A ela, Jake dissera-lhe que os seus pais estavam mortos. Enquanto tinham estado juntos, mal falara da sua infância. Presumira que seria pela dor que sentia de ter perdido os seus pais tão jovem.

Perguntou-se porque lhe mentira.

– Disse-te onde está hospedado? – perguntou Ashleigh enquanto se sentava num dos bancos da cozinha.

– Por enquanto, está num hotel, mas deu-me a impressão de que vai mudar-se para algum sítio na zona norte.

– Tão perto? – perguntou Ashleigh, olhando atónita para a sua mãe.

– Receio que sim – respondeu Gwen. – Vais ter muita dificuldade em esconder a existência de Lachlan se Jake se mudar para um bairro próximo.

Ashleigh não respondeu, mas a expressão da sua cara mostrava preocupação.

– Não tens outra opção senão vê-lo – disse Gwen. – Além disso, talvez tenha mudado.

– Não acredito que as pessoas como Jake Marriott mudem. Não faz parte delas – respondeu.

– Sabes que tu própria consegues ser bastante teimosa às vezes, Ashleigh – repreendeu-a a sua mãe. – Sei que tiveste de ser forte para ter o teu filho sozinha, mas, às vezes, penso que gostas de te armar em vítima. Já devias ter-te casado. Não entendo como o pobre Howard aceita esta situação. A sério que não entendo.

Howard Caule deixara claro que queria criar Lachlan como seu filho, mas cada vez que tentara marcar uma data para o seu casamento, Ashleigh colocara obstáculos. Ainda não sabia muito bem porque o fazia.

– Tu ama-lo, não é verdade, Ashleigh?

– Quem? – olhou para a sua mãe sem compreender o que esta lhe perguntava.

– Howard – respondeu Gwen, franzindo o sobrolho. – Quem haveria de ser?

Ashleigh não sabia o que responder. Gostava de Howard. Muito. Fora um amigo magnífico, estivera ao seu lado quando se recompusera do que acontecera com Jake, oferecera-lhe um emprego como responsável a tempo parcial na sua pequena cadeia de lojas de antiguidades. Mas amá-lo… Bom, na verdade já não confiava naqueles sentimentos tão imprevisíveis. Era muito melhor para ela relacionar-se com as pessoas de um modo afectuoso, amistoso, mas um pouco distante.

– Howard compreende que não estou suficientemente preparada para me casar – disse Ashleigh. – De qualquer forma, ele sabe que quero esperar até que Lachlan se habitue a ir à escola, antes de alterar a sua vida com mais mudanças.

– Andas a dormir com ele?

– Mamã! – Ashleigh ficou corada.

– Conheces Howard há três anos. Há quanto tempo conhecias Jake quando dormiste com ele? – perguntou a sua mãe, cruzando os braços.

Ashleigh recusou-se a responder. Em vez disso, dirigiu à sua mãe um olhar fulminante.

– Conhecia-lo há três dias, não é assim? – perguntou Gwen, ignorando o olhar da sua filha.

– Aprendi a lição! – exclamou Ashleigh.

– Querida, não pretendo aconselhar-te sobre o que está correcto e o que não está – Gwen suspirou fundo. – Simplesmente penso que estarias mais preparada para ver Jake outra vez se a tua relação com Howard fosse mais estável. Não quero que te magoes outra vez.

– Não vou permitir que o faça – disse Ashleigh, mostrando muito mais segurança do que na verdade sentia. – Encontrar-me-ei com ele, mas isso será tudo. Não lhe posso dizer a verdade sobre Lachlan.

– Mas Lachlan tem o direito de conhecer o seu pai, não achas? Se Jake ficar em Sidney durante algum tempo, não vais ter outra opção senão dizer-lhe que tem um filho. Imagina o que pensaria se descobrisse de outra forma.

– Lamento desiludir-te, mamã, mas Jake nunca descobrirá. Ficaria furioso se descobrisse que tem um filho. Eu sei. Foi uma das coisas sobre as quais mais discutimos – mordeu o lábio inferior ao recordar o seu passado amargo junto dele. – Zangar-se-ia tanto… zangar-se-ia muitíssimo.

– Deixou este cartão para que possas entrar em contacto com ele – disse Gwen, tirando um cartão do seu bolso. – Está num hotel. Parece que quer arranjar algumas coisas em casa do seu pai antes de se mudar para lá. Acho que seria sensato se o visses em território neutro.

Ashleigh sentiu um aperto no estômago ao olhar para o cartão e ver o nome de Jake.

– Tu e o papá poderiam cuidar de Lachlan se eu for vê-lo agora? – perguntou, resignada.

– É assim mesmo! Não esperes mais. Assim poderás seguir com a tua vida sabendo que fizeste o correcto.

 

 

Meia hora depois, em frente ao luxuoso hotel onde Jake estava hospedado, Ashleigh perguntava-se se estaria no seu perfeito juízo, se, na verdade, estaria a fazer o correcto. Não telefonara para o número de telemóvel que aparecia no cartão para o informar da sua intenção de o ver. Tentara convencer-se de que não o fizera porque não queria que ele tivesse a vantagem de se preparar para a sua chegada, mas no fundo, sabia que era por covardia.

No final, tivera de esperar que ele descesse, já que a pessoa que estava na recepção do hotel se recusara a dizer-lhe em que quarto ele estava. Esperou-o no bar e, como se intuísse a sua chegada, ficou a olhar para os elevadores. Quando o viu sair de um deles, ficou sem fôlego.

Não conseguia evitar olhar para ele. Em quatro anos e meio, a única coisa que mudara era que estava ainda mais bonito. A sua altura impressionante dava-lhe um ar aristocrático e a sua estrutura musculada deixava clara a sua afeição pelos desportos. Tinha o cabelo preto penteado para trás.

Surpreendeu-lhe como era doloroso voltar a vê-lo. Embora tivessem tido uma relação amorosa, pareceu-lhe como se não o conhecesse. Na verdade, não lhe permitira conhecê-lo.

– Olá, Ashleigh!

Ashleigh não conseguiu disfarçar a reacção que aquelas palavras lhe causaram. Desejara ouvir aquela voz durante tanto tempo! Aquele leve sotaque inglês!

– Olá! – olhou para os olhos escuros dele durante um segundo, desejando que ele não descobrisse a culpa reflectida nos seus pelo que estivera a esconder-lhe durante aqueles anos.

– Estás com bom aspecto – disse, analisando-a com o olhar. – Estás mais gorda, não estás?

– Vejo que ainda tens uma ideia bastante distorcida do que é um elogio – respondeu Ashleigh com aspereza.

– E eu vejo que continuas tão susceptível como sempre – olhou-lhe para os seios durante um momento antes de voltar a olhar-lhe para os olhos. – Acho que estás melhor assim. Estavas tão esquelética.

– Devia ser pelo stress de viver contigo – não conseguiu evitar dizer.

Criou-se um silêncio incómodo entre eles. Ashleigh desejou conseguir estar com Jake sem que prejudicasse permanentemente a sua estabilidade mental.

– Provavelmente, tens razão – disse Jake, franzindo levemente o sobrolho. Sentou-se ao seu lado e chamou o empregado.

– A minha mãe disse-me porque estás aqui – disse Ashleigh depois de Jake ter pedido a sua bebida.

Ele olhou para ela, mas não lhe respondeu.

– Porque me disseste que os teus pais estavam mortos quando nos conhecemos? – perguntou quando já não conseguiu aguentar mais o silêncio.

– Naquela altura, parecia que era o mais fácil.

– Sim, bom, sempre foste muito bom a mentir – disse Ashleigh, ressentida.

– Talvez te surpreenda ouvir isto, mas eu não gostava de te mentir, Ashleigh. Simplesmente, pensei que era menos complicado do que explicar tudo.

Ashleigh ficou a olhar para ele enquanto ele bebia um gole da sua bebida. Sentia o coração aprisionado no peito. Perguntou-se o que quisera dizer exactamente com aquilo de explicar tudo.

– Quando chegaste?

– Há algumas semanas. Pensei que devia esperar até depois do funeral do meu pai para ver se me tinha deixado alguma coisa em testamento.

Ashleigh teve de agarrar o seu copo com ambas as mãos para evitar acariciar Jake, o qual parecia estar a passar por um momento difícil.

– Deixou-te alguma coisa? – perguntou Ashleigh. Os seus olhares encontraram-se novamente.

– Deixou-me tudo o que ele próprio não queria ter – respondeu Jake com um sorriso cínico.

– Deve ser muito difícil para ti… exactamente nesta altura.

O mais difícil que Jake alguma vez fizera na sua vida, fora ir procurar Ashleigh naquela tarde. O seu orgulho, o seu maldito orgulho, fazia-o pensar que era um parvo por o fazer. Mas tivera de esquecer esses pensamentos e ir procurá-la.

Quando fora a sua casa e não a encontrara, disponibilizara-se a esperá-la ali durante o tempo que fosse necessário. Todavia, apercebera-se de como a senhora Forrester estava perturbada e partira contrariado. Nem sequer tinha a certeza se esta diria a Ashleigh que fora procurá-la. Não podia culpá-la, certamente. Sem dúvida, Ashleigh contara à sua família como fora terrivelmente mau e egoísta com ela durante o tempo em que tinham estado juntos.

Mas tinha de a ver. Tinha de a ver para se aperceber do que perdera.

– Sim… não foi fácil – admitiu Jake.

Teve de se conter para não abraçá-la. Estava magnífica. O seu corpo, que já o encantara no passado, naquele momento estava mais feminino, mais maduro.

Pensou que gostaria de a ter conhecido naquele preciso momento, sem o fantasma da sua relação anterior a separá-los. Mas não fora o passado de ambos o que os separara… fora o passado dele.

– A tua mãe está na mesma – disse Jake, olhando fugazmente para ela.

– Sim…

– Como está o teu pai?

– Reformado – respondeu Ashleigh. – A apreciar o facto de poder jogar…

– Golfe? – perguntou Jake, olhando novamente para ela.

– Sim… golfe. Joga muito golfe – respondeu Ashleigh, aliviada.

– Eu sempre gostei do teu pai.

O calor com que afirmou aquilo emocionou Ashleigh. A sua família fora a Londres no Natal, quando ela e Jake estavam juntos há dois anos, e apercebera-se de que este tentara dar-se bem com a sua família. Quando tinha um momento livre, escolhia passar tempo com o seu pai em vez de com as suas irmãs mais novas, Mia e Ellie, ou com a sua mãe.

– Como estão as tuas irmãs? – perguntou Jake depois de uma pequena pausa.

– Mia está a tentar, com todas as suas forças, entrar no mundo da representação, com pouco sucesso. E Ellie… bom, tu conheces Ellie – respondeu, esboçando um pequeno sorriso de orgulho.

A expressão da cara de Ashleigh suavizou-se ao lembrar-se da sua irmã mais nova, que era adoptada.

– É uma campeã. Trabalha a tempo parcial num café e o resto do tempo emprega-o a trabalhar como voluntária num abrigo para cães.

– E tu? – perguntou-lhe Jake, olhando fixamente para ela.

– Eu? – olhou assustada para ele, recordando o sabor da boca de Jake na sua.

– Sim, tu – respondeu Jake. – O que fazes agora?

– Eu… – Ashleigh engoliu em seco. – Não faço muito. Trabalho como responsável de compras para um antiquário. Antiguidades Howard Caule – disse, olhando-o novamente nos olhos.

– Já ouvi falar dele – disse Jake, que pediu mais bebidas. – Como é trabalhar com ele?

Foi difícil para Ashleigh olhá-lo nos olhos com serenidade. Humedeceu os lábios e sentiu um aperto no estômago ao ver como Jake olhava para a sua língua.

– É… é agradável.

Repreendeu-se ao ver como Jake fazia um gesto brincalhão com a boca. Havia adjectivos melhores para qualificar Howard!

– É um bom tipo?

– Sim. Também é um dos meus amigos mais próximos – Ashleigh teve de afastar o seu olhar.

– Andas a dormir com ele?

– Isso não te diz respeito – respondeu Ashleigh, ficando corada e olhando novamente para ele.

Jake não respondeu imediatamente, o que fez com que Ashleigh ficasse muito nervosa.

– Caramba! És muito susceptível, não és? – perguntou Jake, sorrindo com um gesto ainda brincalhão.

Ashleigh não conseguia estar calma na presença de Jake Marriott. Alterava-a de todas as maneiras possíveis.

– Não estou a ser susceptível – disse num tom crispado. – Simplesmente, não entendo o que tens a ver com a minha vida privada… agora.

– Ashleigh… – disse Jake depois de um longo silêncio, acariciando-lhe suavemente a face, o que a fez tremer enquanto sustentava o olhar fixo deste. – Eu gostaria de te ver novamente enquanto estou aqui em Sidney – disse com a voz pausada. – Vou estar cá algumas semanas e pensei que podíamos… – fez deliberadamente uma pausa naquele momento – voltar a ter contacto.

Ashleigh estava furiosa por dentro. Podia imaginar o que queria dizer com aquilo de voltar a ter contacto; um pouco de sexo esporádico antes de voltar para quem o esperava em Londres.

– Não posso ver-te mais.

– Porquê? – a expressão do olhar de Jake endureceu. – Há alguém na tua vida? – perguntou antes que ela pudesse responder.

– Sim… sim, há alguém – respondeu Ashleigh, respirando fundo.

– Mas não usas nenhum anel de compromisso.

– Vivi e dormi contigo durante dois anos sem usar nenhum – respondeu, olhando para ele com uma expressão irónica.

Jake sabia que era muito arrogante pensar que ninguém ocupara o seu lugar durante quatro anos e meio, mas assim o esperara. Ele próprio, que estivera com algumas mulheres depois de Ashleigh, tinha de reconhecer que nenhuma o motivara como ela fizera e… ainda fazia!

– O que dirias se eu te dissesse que estive a repensar em muitas coisas? – perguntou Jake. – O que dirias se te dissesse que mudei?

Ashleigh levantou-se e deixou dinheiro no balcão para pagar a sua bebida. Olhou para ele com os seus olhos azuis, que deitavam faíscas de indignação.

– Diria que chegas quatro anos e meio atrasado, Jake Marriott – disse, colocando a mala ao ombro. – Tenho de me ir embora. Tenho uma pessoa à minha espera.

Quando se virou para se ir embora, Jake agarrou-a pelo pulso e virou-a para que olhasse para ele. Ashleigh sentiu que um calafrio lhe percorria o corpo.

– Deixa-me ir embora, Jake – disse com dureza, odiando-o pelo poder que exercia sobre ela.

Jake levantou-se e ela sentiu que não conseguia respirar. Ficaram a olhar um para o outro.

– Não posso voltar a ver-te, Jake – voltou a dizer-lhe com dureza. – Estou noiva e vou casar-me – respirou fundo, trémula. – Com o meu chefe, Howard Caule.

– Ainda não estás casada – disse Jake antes de lhe largar o pulso e afastar-se dela.

Ashleigh não sabia se aquilo era uma ameaça ou apenas uma observação, mas não ficou para confirmar. Partiu muito decidida, esperando que não se notasse como estava angustiada.

Jake viu-a partir, sentindo como se lhe tivessem arrancado o coração…