Editado por Harlequin Ibérica.
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© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Na cama com o ex-marido, n.º 941 - Setembro 2016
Título original: Back in Her Husband’s Bed
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Publicado em português em 2006
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-687-8833-3
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Página de título
Créditos
Sumário
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Epílogo
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Hotel Creston Tower, Sidney
Sexta-feira, 13 de Setembro, 22:33
– Senhora Gresham! – uma jornalista aproximou-se de Carli com o microfone na mão assim que se abriram as portas do elevador. – Conte-nos como foi ficar presa num elevador durante duas horas com o seu ex-marido, Xavier Knightly.
– Sem comentários! – respondeu Xavier por ela, agarrando no braço dela para a afastar do círculo de repórteres.
– Senhora Gresham? – o microfone dirigiu-se novamente para Carli. – É verdade que se divorciou de Xavier Knightly por causa da sua carreira como advogado?
– Por favor, pare de nos incomodar – pediu Xavier, zangado. – Não temos nada para dizer.
– A conferência que deu esta tarde foi muito interessante, senhora Gresham – insistiu a repórter. – Tem alguma coisa para acrescentar?
– Eu… – Carli abriu a boca para responder, porém Xavier puxou-a para a porta que dava para a escada. – Onde vamos?
– Vamos para o meu quarto, para tomar a bebida que te prometi há duas horas – respondeu ele. – Eu diria que precisamos dela.
Carli concordava, ainda que não o dissesse em voz alta.
– Que suite bonita! – murmurou, depois, olhando para a vista do porto. – As pessoas que viajam em terceira classe não usufruem de tantas comodidades. Contudo, tu quiseste sempre o melhor, claro.
Xavier cravou os seus olhos azuis nela.
– Incomoda-te?
– Não, a não ser que outra pessoa tenha de pagar por isto.
– O quarto está pago.
– Não me referia a isso e tu sabes.
– Olha, Carli, vamos esquecer as reacções feministas por um instante. Convidei-te para uma bebida, não para deixar que tentes castrar-me.
Ela ficou indignada.
– Porque é que quando se trata do assunto da igualdade de sexos os homens pensam sempre que as mulheres tentam castrá-los?
– Já te disse que não queria falar disso.
– Não, claro. Estás demasiado confortável no topo e não te apetece arranjar lugar para os outros.
Xavier suspirou.
– O que queres beber? – perguntou, virando-se para o bar.
Novamente, Carli teve de fazer um esforço para conter a sua indignação. Tratá-la como se fosse uma criança obstinada era algo que o seu ex-marido aperfeiçoara durante os seus três anos de casamento. E continuava a tirá-la do sério.
– Não quero beber nada.
– Muito bem. Queres ir à casa de banho? É essa porta.
Carli virou-se e entrou na casa de banho, tentando não olhar para a cama que ocupava metade da suite.
Uma vez lá, levou o seu tempo, lavando as mãos e penteando um pouco o cabelo castanho encaracolado. No entanto, por muito que tentasse, não conseguia apagar o nervosismo ou a expressão agitada que se reflectia no espelho.
Ficar presa num elevador com o homem de quem se divorciara há cinco anos não era muito recomendável, pensou, irónica. Incomodara-a saber que Xavier iria à conferência sobre direitos de família, que estaria a observá-la, a ouvi-la… a odiá-la.
Respirando fundo, saiu da casa de banho e voltou a enfrentar o seu ex-marido.
– Mudaste de opinião sobre a bebida?
– Sim, beberei um copo de água.
Carli observou-o a tirar uma garrafa de água mineral do frigorífico e a pôr gelo num copo.
Depois, estudou-o por cima do copo. Não mudara muito naqueles cinco anos. As mesmas feições atraentes, o mesmo cabelo preto… Ainda que tivesse cabelos brancos nas têmporas.
Aos trinta e seis anos, continuava em forma: a barriga plana, os músculos marcados. Estava moreno, apesar do Inverno frio de Sidney. A sua roupa era sempre da melhor qualidade e, com a camisa de seda italiana arregaçada até ao cotovelo, mostrava uns antebraços fortes e cobertos de pêlos escuros.
Era a imagem do homem de sucesso. O poder, o dinheiro e os privilégios eram algo que Xavier Knightly dava por garantido. A sua reputação como advogado de família era bem conhecida em todos os círculos legais. Quem contratasse Xavier Knightly, não precisaria de mais nada. Era um perito e muitos dos seus colegas pensavam duas vezes antes de agir contra ele.
Carli olhou para ele e teve de engolir em seco. Vira cada milímetro daquele corpo de um metro e noventa, vira-o em momentos de paixão, em momentos de aborrecimento, em momentos de ternura… Tinham partilhado tantas coisas, porém, no final, não fora suficiente.
– Senta-te. E, por favor, pára de olhar para mim com essa cara de aborrecimento.
– Não estou zangada.
– Estás, sim. Estás a olhar para mim com a cara de «todos os homens são uns porcos».
– Não sejas ridículo! – exclamou ela, deixando-se cair no sofá.
– Vês? Já estás zangada.
Carli teve de sorrir.
– Não há quem te aguente.
Xavier olhou para ela, pensativo.
– Tinha-me esquecido como és bonita quando sorris.
Carli afastou o olhar. Não queria ouvir aquelas coisas…
– Olha para mim, Carli.
Ela levantou o olhar e o seu coração apertou-se ao pensar que não voltaria a ver aqueles olhos azuis.
Xavier prometera-lhe que se fossem beber um copo nunca mais voltaria a entrar em contacto com ela.
Aquele era o ponto final da sua relação turbulenta.
– Devia ir-me embora – murmurou, levantando-se. – Tínhamos combinado uma bebida e…
– Não – interrompeu-a Xavier.
– Não?
– Sei que é tarde, mas podias jantar comigo.
– Jantar?
– Tens alguma coisa contra isso?
– Não, mas… jantarmos juntos certamente não é boa ideia – indicou ela. – Acabaríamos a discutir e a fazer uma cena no restaurante.
– Não haverá problemas se jantarmos aqui.
Devia ter imaginado que diria isso, pensou Carli, irritada consigo própria por cair na armadilha.
– Não tenho fome.
– Estás muito magra.
– E tu estás muito arrogante.
– E tu demasiado sensível.
– E tu estás a comportar-te como um idiota – acusou Carli, tentando conservar a calma. – O que estás a fazer? – perguntou, quando Xavier deu um passo para ela.
– Se insistires em ires-te embora, eu insisto num último beijo.
Carli passou a língua pelos lábios de forma inconsciente.
– Não vou beijar-te – respondeu. Mas o seu tom não tinha a convicção necessária.
– Essa é a verdade, toda a verdade e nada mais do que a verdade?
– Não brinques comigo, Xavier. Só vim para bebermos um copo e tu sabes muito bem.
– Um beijo, Carli, pelos velhos tempos.
Ela conhecia bem os seus beijos. E sabia que um só beijo não seria suficiente. E devia evitá-lo a todo o custo.
– Tenho de ir – murmurou. Mas quando ia virar-se, Xavier puxou-a pelo braço.
– Tens medo do quê?
– Eu não tenho… – Carli suspirou, irritada. – Simplesmente, acho que não devemos repetir certas experiências. É só isso.
Ficou um silêncio pesado no quarto.
O seu coração começou a acelerar-se e as suas pernas traíram-na. Viu que Xavier se aproximava, em câmara lenta, mas não conseguia fazer nada para o deter.
O seu ex-marido beijou-a com tal suavidade que pensou que estava a imaginá-lo, porém então, fê-lo outra vez, com mais firmeza, e Carli sentiu que os seus lábios ardiam, que se abriam sem que ela lhes desse permissão, à procura de mais…
Sentiu as mãos do seu ex-marido a acariciar o seu cabelo como fizera há cinco anos e sentiu também o seu corpo, duro como uma pedra, a erecção masculina a tocar na sua barriga, e respondeu como se alguém tivesse carregado num interruptor. Sentiu o desejo surgir entre as suas pernas e a sua decisão de resistir desapareceu.
Beijou-o com o desespero de cinco anos de solidão, desejando-o com tal intensidade que sabia que já não podia voltar atrás.
As suas línguas encontraram-se. O beijo aumentava o desejo de todos os seus lugares secretos, como se estivesse a verter um líquido inflamável dentro dela. Carli não conseguia conter-se. O prazer era irresistível. Nada a preparara para aquela conflagração. Precisava das suas mãos, da sua boca, do seu desejo por ela, que lhe lembrava o que tinham partilhado no passado, quando se sentia segura nos seus braços…
Xavier afastou-se um pouco e, ainda que não dissesse nada, a pergunta ficou no ar. Carli viu-a nos olhos azuis e respondeu ao agarrá-lo pela cintura para deslizar, depois, as mãos até às suas nádegas e apertá-lo mais contra ela.
Sem parar de a beijar, Xavier pegou-lhe ao colo e levou-a para a cama. Ela observou-o a tirar a roupa rapidamente, o seu desejo a aumentar ao ver aquele corpo nu que conhecia tão bem.
Ele deitou-se ao seu lado e, em segundos, a roupa de Carli juntou-se à dele no chão. Sentir o corpo masculino a deslizar-se sobre o dela era como uma droga; desejava-o tanto que mal conseguia respirar.
Recusava-se a pensar no dia seguinte e em como se sentiria depois daquele encontro: desejava-o com um desespero que nem ela sabia que sentia. Precisava que ele enchesse o vazio que havia no interior dela e quando as suas coxas cobertas de pêlos prenderam as dela, soube que já não havia escapatória.
Nem queria que houvesse.
Xavier acariciava os seus seios enquanto fazia círculos com a língua sobre os seus mamilos. Depois, deslizou para beijar a sua barriga, o seu umbigo, pondo e tirando a língua até que Carli começou a retorcer-se, agitada. E susteve a respiração quando continuou para baixo, a carícia da sua respiração entre as pernas dela, fazendo-a sentir uma excitação de antecipação. Carli agarrou-se à cama para aguentar a tempestade de sentimentos que a língua dele provocava. Quando pensava que não conseguia aguentar mais, Xavier procurou a sua boca e, com um movimento rápido, entrou nela, deixando-a sem ar.
Passara tanto tempo…
Depois, começou a marcar um ritmo rápido que a excitava ainda mais, porque demonstrava que o desejo dele era tão forte como o seu. Sentia-o duro e quente dentro dela e quando lhe tocou intimamente com os dedos para aumentar o prazer, Carli mordeu os lábios para não gritar. Xavier conhecia tão bem o seu corpo, sabia tão bem o que ela gostava…
Sentiu o primeiro espasmo de prazer que transformou tudo num caleidoscópio de cores fragmentadas no seu cérebro. E o seguinte, e o seguinte, até que mal conseguia respirar. Sentiu-o preparar-se para o momento supremo, penetrando-a com força, atingindo o clímax com um grito.
A pouco e pouco, o seu corpo foi relaxando e Carli sentiu a respiração dele no seu pescoço.
– Foi demasiado rápido? – perguntou ele com voz rouca, apoiando-se num cotovelo para olhar para ela.
– Não devíamos tê-lo feito – respondeu Carli, afastando o olhar.
– Provavelmente, não – assentiu Xavier, deslizando um dedo pela barriga dela. – Mas dadas as circunstâncias era inevitável.
– Não é boa ideia que duas pessoas divorciadas voltem a… ver-se. Só causa confusão e dor.
Xavier deitou-se, pondo as mãos atrás da nuca.
– Parece que sabes essa frase de cor. Foi só uma aventura, Carli… não faz mal.
– Talvez para ti não faça mal, mas para mim faz.
Ele virou-se para olhar para ela.
– Estás a dizer que continuas a sentir alguma coisa por mim?
– Não, claro que não. Tu mataste o que eu sentia, há muito tempo.
Se essa resposta o desiludira, não o demonstrou. Simplesmente, ficou onde estava, com as mãos na nuca e os olhos fechados, como se não tivesse acontecido nada.
Carli cerrou os dentes. Devia ter imaginado. Devia ter sabido quando começou a dar a sua conferência, sobre os obstáculos que as mulheres jovens encontram no campo das leis, que ele estaria sentado na terceira fila, à espera de a pressionar quando chegasse o momento das perguntas.
A batalha pública de perguntas e respostas fora sem dúvida parte de um jogo prévio… para a convencer a beberem um copo, algo que Xavier Knightly tinha bem planeado.
– Planeaste tudo, não foi? – perguntou Carli, saltando da cama.
– Continuas a ter demasiada imaginação – respondeu ele.
– Achas que não te conheço? Isto estava tudo preparado e eu… eu caí na armadilha como uma parva – murmurou ela, abotoando a blusa rapidamente, sem se incomodar a procurar o sutiã. – Uma bebida pelos velhos tempos… Achas que sou assim tão parva para acreditar nessa tolice?
– Aparentemente, és – respondeu ele, irónico.
Carli olhou em redor para procurar algo que pudesse atirar-lhe à cabeça. No entanto, daquela vez não havia à mão nenhuma prezada jarra da família Knightly.
– Se eu fosse a ti não o faria. Sabes que destruir um quarto de hotel é um crime.
– És um arrogante, um machista, um oportunista, calculista, vingativo…
– Já me tinhas dito – interrompeu-a ele. – Por favor, se vais insultar-me, tenta ser original.
Carli estava tão furiosa que via tudo vermelho.
– Nunca mais quero voltar a ver-te!
– Foi o que combinámos. Uma bebida e prometi nunca mais voltar a ver-te.
– Nunca. Não quero voltar a ver-te ou a falar contigo para o resto da minha vida.
– Muito bem, como queiras – Xavier sorriu, tão irónico como sempre.
Carli queria esbofeteá-lo.
– Odeio-te!
– Imagino. Foi por isso que pediste o divórcio há cinco anos. Se não me odiasses, não teríamos tido de perder tempo e dinheiro nos tribunais.
Ela virou-se para que ele não conseguisse ver as lágrimas nos seus olhos.
– Ah, por favor, dá-me o menu do restaurante antes de te ires embora. Tenho fome.
Carli virou-se e, com uma expressão muito pouco elegante, disse-lhe o que podia fazer com o menu.
Xavier deu uma gargalhada e, furiosa, Carli pegou no menu, rasgou-o em pedacinhos e atirou-os sobre a cama como se fossem confetti.
– Bon appétit! – gritou, em jeito de despedida, antes de fechar a porta com força, o que fez vibrar os quadros do corredor.
Xavier ouvia o barulho dos seus saltos, cada passo a fazer uma ferida nova no seu peito…
Furioso, pegou nos pedacinhos de papel que ela atirara sobre a cama e, praguejando, atirou-os para o chão com raiva.