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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2010 Stacy Cornell

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

O casamento perfeito, n.º 1299 - Setembro 2016

Título original: The Wedding She Always Wanted

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2011

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-8562-2

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Emily Wilson passara anos a praticar o seu sorriso. Não devia ser demasiado amplo, para não ficar vesga. Nem demasiado pequeno, para não parecer falso. O sorriso perfeito residia no meio, mesmo quando a última coisa que lhe apetecia fazer era sorrir.

Apesar dos seus anos de prática, naquele momento foi mais difícil do que nunca manter o sorriso. Embora a verdade fosse que nunca tivera de passar por um dia como aquele.

O dia do seu casamento.

Mas não era ela que se casava.

A sala de festas tinha o mesmo aspecto que ela imaginara. Mesas com toalhas brancas rodeavam a pista de dança. Havia velas brancas e cor-de-rosa por todo o lado. Nos cantos, plantas altas erguiam-se para a luz da lua, que penetrava pelo tecto de vidro. Uma balada romântica tocava enquanto o noivo e a noiva partilhavam a primeira dança, entreolhando-se, cheios de amor. Exactamente como ela imaginara, pensou Emily, com um nó no estômago.

– Como estás?

Emily virou-se e viu a sua irmã mais velha, Aileen, que vestia um vestido cor-de-rosa de dama de honor tal como o dela.

– Estou bem – respondeu Emily. – Foi um casamento lindo e Kelsey não merecia menos.

Há apenas uma semana, Emily nunca teria suspeitado que o casamento que a sua prima Kelsey a ajudara a planear acabaria por acontecer com outra noiva e outro noivo. Kelsey acabara de se casar com Connor McClane, o rapaz com que Emily saíra no liceu.

– E quantas vezes disseste essa frase hoje?

– Todas as vezes que alguém teve a coragem de se aproximar para me perguntar. E, tendo em conta o número de pessoas que há aqui, não foram muitas. Todos estão demasiado ocupados a falar de mim para se incomodarem em falar comigo.

– Bom, não é comum que um casamento corra tal como se planeou, embora com um noivo e uma noiva diferentes – indicou Aileen.

– Também não é nada comum que uma mulher descubra que o seu noivo deixou outra grávida e que vai casar-se para deixar a sua família contente.

Acontecera, de facto, na quinta-feira, a apenas alguns dias do seu casamento.

– Além disso, não é uma frase feita. É verdade que me alegro por Kelsey e por Connor – acrescentou Emily, engolindo o seu orgulho.

Connor regressara à cidade com o propósito específico de parar o casamento de Emily com Todd Dunworthy. Mostrara-lhe os enganos de Todd. E, de passagem, apaixonara-se por Kelsey.

– Sei que é assim. E todos nos alegrámos por Connor revelar os enganos de Todd antes de te casares com ele. Continuo sem conseguir acreditar como Todd conseguiu enganar-nos.

Todd enganara todos, incluindo os pais de Emily, que o tinham visto como o genro perfeito. Ela devia ter percebido, devia ter intuído que não era a única mulher para ele. No entanto, a sua infidelidade deixara-a chocada.

Durante toda a sua vida, Emily seguira os planos que os seus pais tinham traçado para ela: as escolas indicadas, as roupas apropriadas, as melhores companhias. Sempre fora obediente, nunca atravessara os limites… excepto num momento de rebelião adolescente em que se precipitara para os braços de Connor.

Connor McClane não tivera nada a ver com os rapazes que ela conhecera na escola. Durante algumas semanas, fora emocionante, mas, depois, percebera que sair com Connor tivera mais a ver com desafiar os seus pais do que com amor. Então, pensando que Connor merecia melhor, acabara com ele.

Quase dez anos depois, a chamada telefónica de Connor apanhara-a de surpresa e, guiando-se por um impulso, enviara-lhe um convite para o casamento. Uma decisão que mudara a sua vida, reflectiu.

– Connor descobriu as más intenções de Todd desde o começo – afirmou Emily. E como pudera ser tão ingénua?, pensou.

– Connor é investigador privado. Está treinado para reconhecer esse tipo de coisas – indicou Aileen. – Vou subir para dar as boas-noites a Ginny e a Duncan, prometi-lhes que os aconchegaria.

Ginny, a filha de Aileen, levara as flores e o seu filho, Duncan, fora o menino das alianças. Como Emily, Aileen e a sua família iam passar a noite no hotel onde se celebrava o copo-d’água.

– Dá-lhes um beijo da minha parte.

– Fá-lo-ei – disse Aileen, antes de desaparecer.

Talvez devesse ir com a sua irmã, pensou Emily, desejando fugir da festa.

– Pergunto-me o que faz a mulher mais bonita desta sala escondida num canto.

Foi uma voz masculina e profunda que fez com que Emily se arrepiasse. Mesmo antes de se virar, ela soube quem era: Javier Delgado.

Desde que se tinham conhecido na festa de noivado de Connor e Kelsey, Emily gostara muito de Javi. Mas o melhor amigo de Connor tinha uma grande reputação de mulherengo. E, naquele momento, mesmo depois do que acontecera com Todd, Javi era o tipo de homem que ela queria evitar.

Infelizmente, como tinham sido os dois convidados para o casamento, como dama de honor e padrinho, tinham-se encontrado mais vezes do que o desejável durante os dias anteriores. E sentira um aperto no coração com cada encontro.

Emily olhou para ele e sorriu, tentando esconder o seu nervosismo.

– Javi… – cumprimentou ela, num tom neutro. – Por acaso não sabes que a mulher mais bonita da sala é a noiva?

Javi sorriu e Emily sentiu que conseguia ver através dela.

Mas ela não era capaz de adivinhar o que ele escondia por trás da sua fachada educada. Era demasiado bonito, demasiado sexy…

Javi vestia um smoking preto que lhe assentava na perfeição e uma camisa branca imaculada que realçava a sua pele morena. Penteara o cabelo para trás, mas um dos seus caracóis ameaçava cair sobre a testa a qualquer momento.

Emily obrigou-se a focar o olhar na sala de baile, no entanto, sentiu como ele se aproximava um pouco mais.

O cheiro a loção pós-barba misturou-se com o das flores e das velas de baunilha. Emily sentiu a sua respiração na nuca.

– Kelsey está muito bonita, não está?

Emily mal entendeu as palavras. Ele quase lhas sussurrara ao ouvido… Sentiu que o seu corpo aumentava de temperatura, um alarme tocou dentro dela, mas continuou colada ao sítio.

– Eu… hum… Kelsey está bonita.

Aileen e Emily tinham penteado Kelsey com um coque sofisticado e tinham-lhe pintado os olhos com uma maquilhagem romântica que Kelsey não costumava usar. O vestido de noiva fora criado por um estilista amigo de Kelsey, um bonito vestido cor de marfim.

Mas Emily sabia que não era por causa do cabelo, nem da maquilhagem, nem do vestido. Era o amor e a felicidade que brilhavam nos seus olhos que faziam de Kelsey a mulher mais bonita.

– E nunca tinha visto Connor tão feliz – acrescentou Javier.

– Pareces surpreendido – comentou ela e olhou para ele. Ao fazê-lo, o seu coração acelerou.

– Suponho que estou. O meu amigo nunca me pareceu o tipo de homem que se apaixona tão facilmente.

Emily teve a sensação de que a afirmação de Javier tinha mais a ver com ele próprio do que com o seu amigo Connor.

– Parecem-se muito?

– Costumávamos parecer-nos – declarou ele, com o sobrolho franzido. – Mas as coisas mudam.

– É verdade… – começou a dizer Emily e interrompeu-se ao ver passar três mulheres que a observaram com curiosidade.

– Olá, Emily! – cumprimentou-a uma das três, arqueando as sobrancelhas e olhando para Javi com desconfiança. Emily cumprimentou-as e viu como as três mulheres se afastaram a cochichar.

– Quem diabos são?

– Amigas da minha mãe – respondeu Emily, corada.

– Sabes? Penso que és uma das mulheres mais valentes que conheço – comentou ele, depois de um instante.

– Ena… – replicou Emily e deu uma gargalhada amarga. – E eu que pensava que era a maior covarde do mundo.

Com lágrimas nos olhos, Emily desviou o olhar, receando perder o controlo à frente de Javi. Começou a andar, para se afastar dele, mas ouviu os seus passos atrás dela.

– Vamos – disse Javi, segurando-a pelo braço. – Não te escondas mais. Vamos dançar.

– Não. Esquece – respondeu ela.

– Porquê?

– Porque não quero dançar.

– Porquê?

– Já dei bastante que falar às pessoas. A última coisa que quero é chamar mais a atenção.

– Demasiado tarde – indicou Javi, sorrindo devagar.

Emily não o entendeu até ele a segurar pela cintura e a levar para a pista de dança. Ela não teve tempo de reagir e, de forma automática, pousou os braços sobre os ombros largos dele.

Javi dançava como um homem que sabia como mexer o corpo… e como fazer com que uma mulher respondesse. Ao ritmo da música, as coxas dos dois tocaram-se várias vezes e o coração dela acelerou.

– Relaxa – sussurrou-lhe Javi ao ouvido. – Esquece que estão a observar-nos.

Na verdade, Emily esquecera os convidados. A sua tensão era provocada pelo mero facto de dançar com ele. Respirou fundo para se acalmar, mas a única coisa que conseguiu foi inalar o seu perfume masculino e, sem querer, aproximou o rosto do pescoço dele.

– A menos que queiras dar-lhes alguma coisa de que falar – acrescentou ele.

– Não. Não poderia.

– Ora, não podes estar tão preocupada com o que as pessoas pensam.

– Vim ao casamento, não foi? A única coisa pior do que estar aqui, com toda esta gente a falar de mim atrás das minhas costas, seria ficar em casa para deixar que falassem de mim abertamente.

– Demonstra-lhes que não te importas – encorajou-a ele e, com a ponta do dedo, acariciou-lhe a nuca, descendo até à beira do vestido, onde começava o fecho.

Emily engoliu em seco e tentou concentrar-se na conversa.

– Importa. Supostamente, hoje ia ser o dia do meu casamento. Eu ia casar-me com o homem que amava e…

– Mas não o fizeste e sentes-te aliviada.

– Claro que me sinto aliviada. Quem ia querer casar-se com um mentiroso?

– Refiro-me a estares aliviada porque não o amavas.

Emily afastou-se um pouco para poder olhar para ele nos olhos. Como era possível que aquele homem pudesse ver dentro dela com tal profundidade?

– O que te faz ter tanta certeza? Não me conheces – indicou ela, à defesa.

– Sei quando uma mulher está apaixonada e sei quando tem o coração partido. E tu, linda, não estás em nenhum dos dois casos.

Javi deixou que Emily se fosse embora no fim da dança. Observou-a enquanto se afastava. Aquele vestido marcava-lhe as curvas na perfeição e a cor do tecido, cor-de-rosa, fazia com que a sua pele parecesse ainda mais cremosa. Poderia ter dançado com ela toda a noite, desfrutando do seu cheiro a pêssego e da suavidade da sua pele, disse-se. Mas ela estivera demasiado preocupada com o que os convidados que os rodeavam pensavam.

Era uma pena que ela não tivesse aceitado o seu convite de dar às pessoas mais do que falar, pensou Javi e o seu sangue ardeu ao imaginar Emily a beijá-lo no meio da pista de dança…

No balcão, pediu uma cerveja. O champanhe seria mais adequado, pensou, mas os seus gostos eram mais simples. Mal lhe dera um gole, quando uma mão pousou no seu ombro.

– Estás a divertir-te?

– Sim – respondeu Javi, depois de se virar e ver Connor atrás dele. – Eu adoro este tipo de festas. A escultura de gelo era fantástica. O que era? Uma serpente?

– Um cisne – respondeu Connor. – Penso. Era o que Kelsey queria. O casamento dos seus sonhos – acrescentou, procurando a sua esposa com o olhar.

– Alegro-me por ti. Seriamente – declarou Javi, tentando parecer convincente.

– Sim… – disse o seu amigo, que o conhecia demasiado bem.

– Lamento. Não me interpretes mal. Kelsey é uma grande rapariga, mas…

– Pensaste que não assentaria – interrompeu Connor, sorrindo em direcção a Kelsey. – As coisas mudam.

– Sim, suponho que sim.

– Mas para ti não – indicou Connor. – Olha, sei que gostas de te divertir, mas Emily não é esse tipo de rapariga.

– Diabos, Connor, não me dizias para ter cuidado com uma rapariga desde que ambos gostávamos de Alicia Martin no liceu – replicou Javi, surpreendido. – Tens a certeza de que te casaste com a mulher adequada? Emily…

– Emily é a prima de Kelsey – indicou Connor. – Só estou a velar por ela. Agora, faz parte da minha família, deves compreendê-lo.

– Sim, claro. As coisas mudam – murmurou Javi.

Connor não era o primeiro dos seus amigos que se casava, pensou Javi, e não seria o último. Mas ele não tinha nenhuma intenção de seguir os seus passos. Há muito tempo que não se apaixonava por uma mulher e passara anos a sair com uma e com outra, sem deixar que nenhuma ocupasse um lugar importante no seu coração. Não havia razão para acreditar que Emily podia ser diferente.

Uma vez acabada a festa, teriam poucas oportunidades de se encontrar e não haveria razão para continuar a pensar nela.

Não, sem dúvida, não lhe custaria nada esquecer Emily Wilson, reflectiu Javi, ao mesmo tempo que reparava numa bonita mulher morena que estava do outro lado do balcão. Afinal de contas, os casamentos eram um bom sítio para conhecer mulheres. Pensou em convidar a desconhecida para uma bebida para quebrar o gelo, mas, quando o empregado se aproximou, a única coisa que fez foi pagar a sua cerveja. Depois, virou-se para observar como Emily voltava a esconder-se num canto.

Javi questionou-se se ela saberia como o seu sorriso era falso. Sem dúvida, com um sorriso ou uma gargalhada verdadeiras, uma mulher tão bonita como Emily Wilson deixaria rendidos aos seus pés todos os homens da festa. Incluindo ele.

Por isso, era melhor que ela continuasse séria, pensou.

 

 

Daria a Connor e a Kelsey mais vinte minutos para cortar o bolo, prometeu-se Emily. Depois, ir-se-ia embora.

Cumprira com o seu dever ao ir ao casamento. Primeiro, presenciara como a sua prima e Connor se casavam. E, segundo, enfrentara os seus conhecidos e amigos pela primeira vez desde que cancelara o seu casamento. Mas, embora desejasse ter a coragem de ficar até ao fim e engrossar as filas de mulheres solteiras desejosas de apanhar o ramo, o que ia fazer era desaparecer.

Até passarem esses vinte minutos, Emily decidiu ir à casa de banho. Retocaria o cabelo, a maquilhagem, até o verniz e, com um pouco de sorte, o tempo passaria mais depressa.

Ao entrar na casa de banho, Emily fechou a porta atrás dela e respirou fundo, pela primeira vez em horas. A noite quase acabara e ela sobrevivera, repetiu-se.

O que tinha de mal?, pensou, olhando para o seu próprio reflexo no espelho. Porque não era capaz de conseguir que fossem fiéis, nem sequer durante o noivado? De repente, a ideia do amor eterno pareceu-lhe um sonho inalcançável.

Embora esperasse que o amor de Connor por Kelsey fosse duradouro. Verdadeiro. Os seus pais também tinham vivido um casamento cheio de amor e compromisso. Portanto, talvez o sonho só fosse impossível para ela… Apesar de saber que fora Todd que não agira bem, não pôde evitar culpar-se, sentindo que a sua auto-estima decrescia cada vez mais.

Então, recordou as palavras de Javi na pista de dança e teve de reconhecer que ele estava certo.

Se ela não amara Todd, porque aceitara casar-se com ele?, reflectiu.

O ruído de vozes a aproximar-se do outro lado da porta afastou-a dos seus pensamentos e entrou na casa de banho mais afastada, para não ter de ver ninguém naquele momento.

A porta da casa de banho abriu-se e entraram duas mulheres.

– Conta-me. Quero saber toda a história.

– Bom… Pelo que sei, descobriu que o noivo a enganava com a cozinheira da família – respondeu a segunda mulher.

– Não!

– Sim e é pior ainda. Têm um filho juntos.

– É horrível! – exclamou a outra mulher, excitada com o escândalo.

Emily estava a ouvir tudo e sentiu-se humilhada. Sem dúvida, os rumores do acontecido estavam a espalhar-se depressa.

Erguendo o queixo, Emily saiu da casa de banho. As duas mulheres olharam para ela com um ar culpado, mas ela nem olhou para elas. Pôs-se à frente do espelho, a compor o cabelo.

– Foi a empregada, não a cozinheira – indicou Emily, num tom cortante. – E continua grávida. O bebé ainda não nasceu. Se vão falar de mim, é melhor conhecerem os detalhes correctos.

Emily saiu da casa de banho, deixando as duas mulheres estupefactas, embora isso não a fizesse sentir-se melhor.

Tinha de se ir embora naquele mesmo instante, disse-se. Antes de começar a chorar à frente de todos.

Ao dar a volta a uma esquina, chocou com alguém.

– Eh! Onde é o fogo? – perguntou Javi, pondo as mãos sobre os ombros dela. Ao olhar para ela nos olhos, o seu tom brincalhão desapareceu. – Emily? Estás bem?

– Tenho… tenho de ir.

– Está bem – disse ele e, agarrando-a pela cintura, acompanhou-a a uma saída.

No exterior, a noite era tranquila e as luzes reflectiam-se na piscina, enfeitada com uma pequena cascata. O cenário cheio de serenidade contrastava com o redemoinho que Emily sentia no seu interior. Mas aquilo era um problema dela, disse-se. Todos os outros deviam desfrutar da festa, incluindo Javi.

– Deves regressar. És o padrinho. Deves fazer um brinde e…

– Já o fiz.

– Ah, sim?

– Sim. Foi breve e íntimo, como os convidados gostam.

– Lamento tê-lo perdido – disse Emily.

– Eu também. Tenho de admitir que foi um sucesso. Sobretudo, o poema de amor que recitei.

– Não acredito.

– É verdade.

Emily adivinhou que todas as mulheres presentes teriam ficado apaixonadas ao ouvi-lo e alegrou-se, no fundo, por não ter presenciado o brinde. Já sentia atracção suficiente por ele para a enfeitiçar com um poema de amor, pensou.

– Vamos – disse ele, estendendo o braço.

– Para onde?

– Dar um passeio. A menos que prefiras estar sozinha.

Emily sabia que devia escolher a segunda opção. Não porque queria estar sozinha, mas porque passear com um homem com a reputação de Javier Delgado era pouco aconselhável.