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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2008 Abby Green

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Chantagear um milionário, n.º 1154 - novembro 2017

Título original: The Mediterranean Billionaire’s Blackmail Bargain

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-379-2

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Capítulo 17

Capítulo 18

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

– Tenho a certeza de que, se tivesse um filho, saberia e, além disso, também não seria da sua incumbência, pois não a conheço de lado nenhum. Faça o favor de tirar as mãos de cima de mim.

Alicia Parker estava tão surpreendida com o que fizera que não conseguia mexer-se. As suas acções tinham conseguido parar aquele homem que observava naquele momento. Tratava-se de um homem de rosto incrivelmente belo, era tão bonito que Alicia pensou que não conseguia respirar.

A única coisa que o seu cérebro cansado conseguia registar eram impressões. Alto. Forte. Moreno. Muito bonito. Sexy. Poderoso.

Os olhos que olhavam para ela faziam-no com tanta frieza e arrogância que era evidente que aquele homem tinha a certeza de que a acusação que acabara de fazer era falsa e que devia estar louca para se ter aproximado dele daquela maneira.

Aquele olhar gelado podia tê-la transformado em gelo, porém, estranhamente, Alicia não sentia frio, antes pelo contrário. Sentia um calor incomensurável por todo o corpo.

E enquanto ela olhava para ele, Dante D’Aquanni puxou com desdém a manga do seu fato caro para se livrar da mão de Alicia, que o agarrava com força. Depois, olhou para os seus guarda-costas e saiu do edifício que alojava os seus escritórios em Londres.

Foi-se embora, desapareceu sem olhar para trás, sem prestar a mínima atenção àquela mulher bela e despenteada que o assediara e que tentara fazer-se ouvir.

Em poucos segundos, Alicia viu-se rodeada por vários guardas que, num abrir e fechar de olhos, a puseram na rua, onde se encontrou sob um aguaceiro terrível e com a sensação de que o que acabara de acontecer fora um pesadelo…

 

 

Alicia cerrou os dentes. Infelizmente, aquele dia, há uma semana, não fora um pesadelo. Acontecera realmente e a mesma razão que a levara a protagonizar aquela cena levara-a a estar agora sentada num carro de aluguer minúsculo e estacionada em frente de um hotel incrível situado à beira do lago Como, em Itália.

Ainda estava constipada por causa da chuva daquele dia. Dante D’Aquanni recusara-se a ouvi-la então, mas não poderia negar-se naquele momento.

O sol pusera-se há horas, mas o céu não estava completamente negro. Ainda havia nuvens violetas. Era aquele momento mágico do dia em que a luz dava lugar à noite, aquele momento de tanta beleza que costumava passar despercebido para muitos.

E, por baixo daquela luz tão especial, o hotel brilhava literalmente, envolvido numa nuvem de luxo.

Alicia estava aterrorizada.

Estava a tentar não se deixar intimidar pela mansão, pelas ruas limpas ou pela forma como pessoas elegantemente vestidas saíam e entravam do hotel.

Aquele lugar encontrava-se a muitos milhares de quilómetros de qualquer lugar onde ela alguma vez estivera. Alicia fechou os olhos. Doíam-lhe. A verdade era que lhe doía o corpo todo. Estava cansada. Tinha consciência de que estava prestes a adormecer, mas não tivera tempo para dormir.

A única coisa que a obrigava a seguir em frente era a raiva ao recordar o que aquele homem lhe fizera.

Aquela era a única solução e a única maneira que ia permiti-la vê-lo e obrigá-lo a admitir a sua responsabilidade, a única maneira de aceitar que era o pai do filho da sua irmã.

Alicia recordou o rosto de Melanie deitada na cama do hospital e sentiu que o seu coração doía, o que a levou a fechar os olhos novamente. Mesmo assim, não conseguia deixar de ver a cara da sua irmã nem a quantidade de tubos que saíam do seu corpo delicado.

Alicia sentiu que os seus olhos se enchiam de lágrimas e rezou para que não lhe acontecesse nada. Rapidamente, certificou-se de que nada ia acontecer.

Abriu os olhos mais decidida do que nunca a conseguir fazer com que Dante D’Aquanni lhe desse o dinheiro de que precisava para o tratamento de Melanie. Aquele homem tinha de aceitar o papel que desempenhara em tudo o que acontecera.

Tinha de pagar.

Era a sua única opção.

Alicia estava desesperada.

A sua irmã tivera um acidente de viação terrível enquanto conduzia para ir ter com o seu amante. Ela e o bebé tinham sobrevivido milagrosamente, mas Melanie fracturara a pélvis e sofrera várias lesões internas. Como estava grávida, precisava desesperadamente de pôr Melanie nas mãos de um médico que tivesse experiência com grávidas e fracturas. Esse terapeuta vivia no centro de Londres e Alicia sabia perfeitamente que aquele tipo de cuidados se pagava de forma privada e a um preço muito alto.

Como não tinha família próxima nem amigos íntimos que tivessem tanto dinheiro, vira-se obrigada a chegar a extremos. A enfermeira que se encarregava da sua irmã e que fora colega de Alicia durante os estudos de Enfermagem assegurara-lhe que Melanie estava estável e que podia deixá-la sozinha durante algum tempo. Aquilo fora o que a impulsionara a dar aquele passo drástico e desesperado.

Alicia voltou a olhar para as portas do hotel. Nada. Seguira Dante D’Aquanni naquela tarde da sua mansão, situada à beira do lago, até ao hotel, onde o vira encontrar-se com uma mulher espectacular de cabelo castanho.

Alicia perguntou-se se a levaria para sua casa ou se estaria a fazer amor com ela numa das suítes maravilhosas do hotel. Aquilo levou-a a morder o lábio inferior e a rezar para que não a levasse a casa, pois precisava de falar com ele a sós.

Algo chamou a sua atenção e voltou a olhar para o edifício. O porteiro acabara de levar um descapotável prateado até à porta principal, que estava a abrir-se naquele momento.

Alicia reconheceu o carro de Dante D’Aquanni imediatamente.

E o dono não demorou a aparecer.

Saía do hotel vestido com um smoking preto, com o laço desatado e, certamente, bastante mais despenteado do que quando entrara. A linda mulher de cabelo castanho saiu ao seu lado, vestida com um vestido prateado maravilhoso e com aparência um pouco desalinhada.

Era evidente que tinham ido para a cama juntos.

Alicia teria gostado de sentir náuseas, mas a única coisa que sentiu enquanto olhava para aquela mulher que estava a abraçar-se a Dante D’Aquanni e a apertar-se contra ele foi desejo e algo muito mais confuso. Alicia não conseguia acreditar que a beleza e o carisma daquele homem estivessem a afectá-la do outro lado da estrada.

Como qualquer irmã mais velha protectora e carinhosa, estava convencida de que Melanie era muito bonita e de que todos a amavam, mas também tinha consciência de que nem ela nem a sua irmã eram o tipo de mulher em que aquele homem reparava. Aquele homem estava fora do seu alcance, a um nível que nem sequer conheciam.

Então, compreendeu.

Fora precisamente por isso que a afastara com tanta indelicadeza.

Então, o porteiro abriu a porta do condutor do desportivo. Dante D’Aquanni livrou-se da mulher e, depois de lhe dar um beijo breve na face, desceu os degraus e dirigiu-se para o seu carro. Depois de dar discretamente uma gorjeta ao porteiro, sentou-se ao volante e desapareceu.

Alicia ficou a olhar para a mulher, que observava o seu amado a afastar-se. Depois, desapareceu no interior do hotel e Alicia pensou que voltaria para a suíte que partilhara com ele.

De repente, percebeu que devia segui-lo, portanto apressou-se a pôr o seu carro a trabalhar e a sair do estacionamento. O que raios estava a acontecer-lhe? Tinha de se concentrar para conseguir conduzir aquele carro a que não estava habituada.

Aliviada, respirou fundo quando viu que havia um sinal vermelho poucos metros mais abaixo e reconheceu rapidamente a silhueta do desportivo. Quase imediatamente, o semáforo ficou verde e o desportivo voltou a avançar.

Enquanto o seguia, Alicia recordou como acabara de tratar a sua amante nas escadas do hotel. Era evidente que aquele homem não se importava com nada nem ninguém.

Naquele momento, o telemóvel de Alicia tocou. Deixara-o sobre o banco do passageiro e agarrou-o. Depois, atendeu.

– Limitem-se a seguir-me e mostrar-vos-ei por onde entrar.

Depois, olhou pelo espelho retrovisor e viu o outro carro, do qual praticamente se esquecera. Acima de tudo, não devia permitir que o medo a embargasse.

Mas o medo já se apoderara dela devido ao que ia fazer. Alicia disse para si que não devia perder a compostura naquele momento. Chegara muito longe, custara-lhe muito descobrir onde Dante D’Aquanni ia passar as férias.

Aquela estrada que havia junto do lago teria parecido maravilhosa e mágica em qualquer outro momento, mas agora só tinha olhos para o carro à sua frente.

Sabia que a parte traseira da mansão de Dante D’Aquanni dava para a margem do lago. Da sua propriedade, devia haver uma vista maravilhosa. Alicia tinha consciência de que aquelas casas eram realmente exclusivas. Nunca as punham à venda através de anúncios, as transacções faziam-se oralmente, os compradores eram multimilionários e os preços eram extravagantes.

Claro que, o que podia esperar-se de um multimilionário que era o dono da maior empresa de construção do mundo?

Alicia reparou que deixara de ver as luzes do desportivo. Evidentemente, tinham chegado. Chegara o momento da verdade. Tinha de o fazer bem. Por Melanie.

A sua irmã conseguira recuperar a consciência há uma semana e conseguira pronunciar algumas palavras. Depois daquele esforço, voltara a entrar em coma, mas fora suficiente. Alicia obtivera toda a informação de que precisava.

Depois de estacionar sob uma árvore, esperou que chegasse o outro carro. Alicia informara-se de que a sua irmã estava grávida depois de voltar de África. Uma vez em casa, fora ao hospital ao encontrar várias mensagens no atendedor de chamadas que lhe comunicavam o estado de Melanie.

Como a melhor amiga de Melanie estava de férias, no hospital tinham demorado um dia inteiro a identificar a sua irmã e a entrar em contacto com ela e, depois, tudo dera uma reviravolta inesperada.

Alicia recordou várias vezes as palavras da sua irmã, aquelas palavras que a tinham levado até ao lugar e ao momento em que se encontrava agora.

Melanie puxara-lhe a mão enquanto fazia um grande esforço para falar.

– Querida, não fales, guarda as energias para recuperares – dissera-lhe Alicia, com o coração partido.

Mas Melanie abanara a cabeça.

– Tenho de dizer isto… Tenho de ver… tenho de falar com Dante D’Aquanni… é ele…

– O que queres dizer? Dante D’Aquanni é o homem que te fez isto?

Melanie recostara-se sobre as almofadas. Tinha a respiração entrecortada.

– Ia vê-lo para lhe dizer que ia sair da empresa, que estava disposta a fazer tudo o que me pedisse se… Estava muito preocupada e, de repente, apareceu aquele camião… – recordara, empalidecendo e agarrando a mão da sua irmã. – Tens de o encontrar, Lissy… preciso de… oh, Lissy, amo-o tanto – lamentara-se Melanie, com lágrimas nos olhos. – Mandou-o para longe… e preciso dele ao meu lado.

Alicia voltou a concentrar-se no lago. A febre fizera com que as palavras da sua irmã se tornassem incoerentes. Por exemplo, era óbvio que o que quisera dizer fora que ele, Dante D’Aquanni, a mandara para longe.

Os factos estavam muito claros. Alicia não achara difícil compreender que a sua irmã tivera uma aventura com Dante D’Aquanni, o dono da empresa em que trabalhava, que ele se livrara dela e que Melanie ia vê-lo quando tivera o acidente.

Alicia sentia-se culpada por não ter estado ao lado da sua irmã quando tudo aquilo acontecera. Se estivesse, teria consigo evitar o acidente. Devia ter telefonado mais vezes de África.

Durante a sua estadia no continente africano, a única coisa que soubera era que Melanie saía com um colega de trabalho. A única coisa que lhe dizia nos seus e-mails, escritos praticamente em código Morse, era que saía com alguém. Evidentemente, queria proteger o homem que lhe roubara o coração e a inocência.

Alicia tentara entrar em contacto com a amiga de Melanie, mas não conseguira, portanto fora à Internet para descobrir quem era aquele homem. Assim, descobrira que ter relações com um colega de trabalho podia ser visto como um delito dentro da empresa D’Aquanni e era por isso que os e-mails da sua irmã eram tão ridiculamente secretos.

E pensar que ele próprio tivera uma aventura com uma das suas empregadas. Que hipócrita!

Ao ouvir que uma porta se fechava atrás dela, Alicia prendeu o cabelo e pôs um boné de basebol. Depois, saiu do carro. O Verão estava a acabar e Alicia vestiu uma camisola, pelo sim pelo não. Também agarrou na sua mochila e certificou-se de que o seu telemóvel estava em modo silencioso.

Depois de fazer tudo aquilo, aproximou-se dos dois homens que tinham saído do outro carro.

 

 

Dante D’Aquanni parou o carro em frente da porta da sua casa e sentiu-se enormemente aliviado. No topo da escada, esperava-o a sua governanta. Falou com ela brevemente e entrou na mansão imensa que era o seu lar, o seu lugar preferido no mundo.

Recordou então como Alessandra lhe rogara que a levasse com ele para passar a noite lá, como se abraçara a ele à porta do hotel e como lhe murmurara ao ouvido promessas eróticas que tinham feito com que todo o desejo desaparecesse.

Dante serviu-se de uma bebida e foi ao terraço do qual se via o lago. Era indiscutível que Alessandra Macchi era uma das mulheres mais bonitas de Itália e também era indiscutível que gritara aos quatro ventos que queria estar com ele. Aquilo fez com que Dante cerrasse os dentes. O que aquela mulher queria era o seu dinheiro. Isso estava claro.

Quando chegara ao lago há alguns dias, saíra para beber um copo e ver uns amigos e Alessandra aparecera de repente, dizendo que ela também ia tirar umas férias breves. Devia tê-lo apanhado com as defesas baixas porque acedera a ir buscá-la ao seu hotel naquela noite para irem jantar e permitira que o seduzisse.

O que lhe acontecera? Normalmente, não se arrependia de nada do que fazia, já que todas as suas decisões eram tomadas depois de ter considerado todas as vantagens e todas as desvantagens. Alessandra era o tipo de mulher de que costumava gostar: bonita, educada e com experiência, uma mulher que também não se interessava por compromissos ou que, pelo menos, fingia que não se interessava. Então, porque é que aquela noite fora tão desastrosa, tão mecânica e pouco satisfatória?

Dante tremeu ao voltar a recordar como lhe pedira que a levasse para casa com ele. Tinha consciência de que não devia ter gostado que a deixasse nos degraus do hotel, mas conhecia bem as mulheres como ela e sabia que ficaria bem.

Enquanto se felicitava por ter conseguido fugir, acabou a bebida e voltou para o interior da sua casa. Naquele momento, ouviu gritos e viu que a sua governanta estava a lutar com alguém, que estava a tentar entrar.

Imediatamente, ficou em alerta e sentiu que todo o seu corpo ficava tenso, algo que não acontecia há muito tempo. Depois, deu por si a recordar os perigos de viver nas ruas de Nápoles.

Que loucura!

Aquele mundo ficara para trás há muito tempo.

 

 

Alicia estava a tentar controlar as coisas, mas o repórter e o fotógrafo que a acompanhavam estavam a mostrar-se um pouco agressivos. A situação estava a sair do seu controlo. A pobre governanta olhava para eles, aterrorizada, e tentava fechar-lhes a porta. Alicia não sabia italiano para a tranquilizar, para lhe explicar que a única coisa que queriam era ver Dante D’Aquanni e, por outro lado, sabia que os guarda-costas não demorariam muito a aparecer.

Embora tivessem conseguido passar pelo buraco que encontrara na cerca naquela tarde e esconder-se entre as árvores, Alicia sabia que a equipa de segurança daquela casa já os teria detectado.

Naquele momento, a porta abriu-se e todos ficaram quietos e calados.

À frente deles estava Dante D’Aquanni em pessoa, resplandecente e devastador, olhando para eles com os seus olhos escuros. Depois de olhar para eles de cima a baixo, disse algo à governanta, que desapareceu. Depois, Dante saiu e fechou a porta atrás dele.