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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

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28001 Madrid

 

© 2008 Julia James

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Mais do que uma aventura, n.º 1152 - outubro 2017

Título original: Greek Tycoon, Waitress Wife

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-377-8

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Alexeis Nicolaides olhou à sua volta com desagrado. Fora um erro ir àquele lugar. Fora um erro fazer caso a Marissa. Só ia estar em Londres vinte e quatro horas e, quando saiu daquela reunião de trabalho que durara o dia todo e regressou ao quarto do hotel, a única coisa que queria era encontrá-la ali à espera dele. Então, quando acabassem com as formalidades educadas, Alexeis faria o que lhe interessava fundamentalmente em Marissa: levá-la-ia para a cama. E, no entanto, acabara naquela galeria de arte cheia de gente, muito aborrecido e rodeado de idiotas que rodeavam Marissa com a boca aberta. Naquele momento, ela estava a usar os seus conhecimentos sobre o mercado da arte e o valor financeiro do artista. Alexeis não podia importar-se menos com ambas as coisas.

E cada vez se importava menos com Marissa e com a ideia de passar mais tempo com ela. Nem ali, nem na cama.

Começou a sentir uma indignação crescente e Alexeis tomou uma decisão. Marissa teria de se ir embora. Até ao momento não fora um problema maior do que qualquer outra mulher, porque todas elas, invariavelmente, desejavam ficar na sua vida mais do que deviam. Mas, três meses com Marissa, que além de desejável era inteligente, tinham-na levado a pensar que podia começar a exigir coisas.

Como insistir que Alexeis a levasse àquela inauguração. Sem dúvida, pensava que uma ausência de uma semana teria alimentado o seu desejo por ela e, portanto, estaria disposto a satisfazer os seus caprichos.

Alexeis semicerrou os seus olhos escuros.

Erro. Ele não era de natureza complacente. A fortuna dos Nicolaides sempre significara que ele tinha a última palavra no que dizia respeito às mulheres. Escolhia as que queria e elas faziam o que ele dizia ou ficariam de fora. Não importava que fossem bonitas ou desejáveis, nem a opinião que tinham de si próprias.

Marissa Harcourt tinha-se em grande estima. Era incrivelmente chique, tinha uma beleza que fazia com que as cabeças se virassem na sua direcção, uma boa posição social, uma licenciatura em Oxford e Cambridge e uma profissão bem paga no mundo da arte. Sem dúvida, ela considerava aqueles atributos suficientes não só para chamar a atenção de um homem como Alexeis, como para o reter ao seu lado para sempre.

As suas predecessoras tinham pensado o mesmo. Adrianna Garsoni, com o seu aspecto exótico e a sua posição de diva com voz de soprano em La Scala, pensara que casar-se com Alexeis significaria que o dinheiro dos Nicolaides serviria para promover a sua carreira. No momento em que Adrianna mostrara as suas cartas, deixando claro que o casamento estava nos seus planos, Alexeis livrara-se dela. A sua reacção fora muito violenta, mas para ele fora irrelevante. Ao lado da personalidade tempestuosa de Adrianna, Alexis recebera com prazer o estilo parcimonioso de Marissa e desfrutara da sua natureza sensual na cama.

Mas agora, aparentemente, ela também teria de se ir embora, pensou, irritado. Já tinha bastante com que se preocupar com tudo o que estava a acontecer na sua vida. Os pensamentos de Alexeis dirigiram-se para a sua casa e cerrou os dentes num gesto automático. O seu pai acabara de se casar com a sua quinta esposa e estava demasiado ocupado para se preocupar com os problemas e a pressão de gerir um negócio global. Quanto ao seu meio-irmão, Yannis, nascido do segundo casamento do seu pai, também estava demasiado ocupado a desfrutar dos prazeres dos desportos de alto risco e de mulheres de maior risco ainda. Alexeis cerrou ainda mais os dentes.

Em qualquer caso, tinha consciência de que a última coisa que desejava era que o seu pai tentasse intervir na forma como ele geria as empresas ou que Yannis tentasse mostrar interesse. Naquele último ponto pelo menos, Alexeis estava completamente de acordo com a sua mãe. Berenice Nicolaides estava absolutamente decidida a fazer com que o filho da mulher que roubara o seu lugar não pusesse a mão no que ela considerava o direito de herança do seu próprio filho, nada menos que o controlo total e permanente do Grupo Nicolaides.

Alexeis nem sempre concordava com a sua mãe. E um dos aspectos que mais lhe custava a aceitar era o facto de a sua mãe insistir que devia casar-se com uma herdeira, se fosse possível grega, tanto para consolidar a sua posição económica como para dar um neto ao seu pai de forma a continuar com a dinastia dos Nicolaides. As tentativas constantes da sua mãe de lhe encontrar uma esposa exasperavam Alexeis.

Tal como se sentia exasperado com o discurso de Marissa sobre o mercado da arte. Considerou a possibilidade de acabar com a sua relação naquele mesmo instante. O problema era que, se o fizesse, teria de passar outra noite sozinho. Aquela opção deixou-o de mau humor e chamou com um gesto imperativo uma das empregadas que circulavam com as bandejas de bebidas. Quando os seus dedos agarraram na base de um copo de champanhe, ficou a olhar fixamente para ela sem dar por isso.

Tinha o cabelo comprido e loiro preso na nuca e um rosto ovalado de feições perfeitas, pele translúcida, um nariz pequeno e recto e as maçãs do rosto marcadas. Uns olhos grandes e cinzentos com longas pestanas completavam o conjunto. Um conjunto delicioso. O primeiro pensamento de Alexeis foi inevitável. O que fazia uma jovem com aquele aspecto a trabalhar como empregada de mesa?

Agarrou no copo, murmurou um agradecimento e os olhos da jovem encontraram-se com os seus.

Alexeis viu o modo como ela reagia à maneira como ele a observava. Os seus olhos cinzentos esbugalharam-se e entreabriu ligeiramente os lábios. Durante um longo instante pareceu indefesa. Aquela era a palavra, pensou Alexeis. Como se não conseguisse fazer outra coisa senão olhar para ele nos olhos e permitir que ele a observasse. Alexis sentiu, de repente, como o seu humor melhorava sem saber bem porquê. A jovem era realmente linda.

– Não há água mineral.

A voz de Marissa foi como uma bofetada. A empregada pareceu agitada. Desviou o olhar de Alexeis e aproximou-se da mulher que estava ao seu lado.

– Lamento muito – garantiu.

Alexeis reparou que tinha uma voz muito suave e parecia estar muito nervosa. A bandeja, repleta de copos cheios até cima, tremeu-lhe ligeiramente nas mãos.

– Bom, não fique aí como uma parva – queixou-se Marissa, irritada. – Vá buscar-me uma. Sem gás e sem limão.

– Sim, sim, é claro – a jovem engoliu em seco e virou-se para se ir embora. Ao fazê-lo, um dos convidados virou-se repentinamente para trás e chocou contra ela. Alexeis esticou instintivamente a mão para agarrar a bandeja, mas foi demasiado tarde. O copo de sumo de laranja que estava mais perto da beira oscilou perigosamente e, depois, caiu para a frente, caindo no chão e esvaziando o seu conteúdo no vestido de cocktail de Marissa.

– És uma estúpida! – o tom de voz de Marissa era estridente. – Olha o que fizeste!

Uma careta de horror convulsionou as feições da jovem.

– Lamento – foi tudo o que conseguiu dizer.

Fez-se um espaço vazio à sua volta e um homenzinho pequeno e com uma expressão horrorizada repreendeu a empregada.

– O que está a acontecer aqui? – inquiriu.

– Não está claro? – o tom de voz de Marissa continuava a ser estridente. – Esta idiota destruiu-me o vestido.

O olhar de espanto do homenzinho tornou-se mais contundente e começou imediatamente a desculpar-se aos gritos, mas Alexeis interrompeu-o.

– Só te molhou um pouco a parte de cima, Marissa – indicou, com frieza. – Se lhe passares uma esponja, secará. O tecido é escuro, não se notará.

Mas aquilo não serviu de consolo a Marissa.

– Idiota sem cérebro! – voltou a insultar.

Alexeis agarrou-lhe no pulso com uma mão.

– Vai à casa de banho! – não era uma sugestão. Lançando-lhe um olhar fulminante, Marissa afastou-se.

Enquanto isso, o homem mandara vir outros empregados, que se apressaram a limpar com panos e uma esfregona os restos de sumo de laranja que tinham caído no chão de madeira. Também dissera à empregada para se ir embora enquanto Alexeis estava a falar com Marissa. Viu-a escapulir-se com os ombros encolhidos para o fundo da galeria.

Então, o homenzinho começou a desculpar-se com Alexeis, mas não lhe interessava.

– Foi um acidente – declarou, assentindo para que se fosse embora de uma vez. Assim que se viu a sós, aproveitou a oportunidade para se aproximar do balcão da recepção.

– Diga à menina Harcourt que tive de me ir embora – declarou, saindo da galeria enquanto tirava o telemóvel para chamar o seu motorista. Enviaria um cheque a Marissa para comprar um vestido novo e alguma jóia para o acompanhar. Isso seria suficiente. Aquilo também significava que ia, sem dúvida, passar aquela noite sozinho.

Sem o desejar, deu por si a pensar na empregada que Marissa repreendera. Era uma jovem muito desejável. Não de forma óbvia nem coquete, mas não havia dúvida de que aquele uniforme branco e preto, juntamente com o seu cabelo loiro e aqueles olhos grandes compunham um conjunto muito atraente.

O corpo de Alexeis reagiu e ficou tenso.

Bolas, aquela não era a resposta adequada para o momento! Por muito desejável que a jovem fosse, não era o tipo de mulher com quem ele costumava relacionar-se. Além disso, não costumava sair com raparigas de maneira acidental. Seleccionava-as cuidadosamente, não só pelo seu aspecto, mas também pelo facto de encaixarem no seu estilo de vida e de não procurarem um compromisso.

O seu carro apareceu na calçada e Alexeis entrou. Naquela noite teria de trabalhar, era só isso. Em qualquer caso, de manhã ia voar para Nova Iorque e lá conhecia um bom sortido de mulheres para substituir Marissa.

Acomodou-se no banco de couro, olhando com indiferença pelo vidro fumado enquanto o carro avançava por Bond Street. Voltaram a passar à frente da galeria e sentiu um grande alívio ao não ver Marissa. Sentiu uma dor na consciência por ter acabado a sua relação de maneira tão abrupta, mas não fez caso. Estava prestes a desviar o olhar quando uma figura captou a sua atenção. Caminhava depressa, com os ombros encolhidos e a cabeça loira inclinada. Um impermeável envolvia-a por completo, tinha as mãos nos bolsos e uma mala cruzada de lado. Era a empregada.

Bruscamente, sem nenhuma razão que pudesse justificar, Alexeis carregou no botão do intercomunicador.

– Pare o carro! – ordenou ao motorista.

Capítulo 2

 

Carrie continuou a andar. Se andasse não teria de pensar. Não pensaria que acabara de perder o seu trabalho. Mais uma vez. Estaria condenada a não conservar um só emprego?, pensou, com tristeza. Fora culpa dela, certamente, não podia culpá-los por a despedirem. Tinha consciência de que se distraíra fatalmente com aquele homem tão incrível. Se não estivesse a babar-se à frente dele de maneira tão estúpida, teria estado mais atenta. Mas não conseguira evitá-lo. Realmente era um homem incrível! Era a única palavra que lhe ocorria. Nunca vira alguém tão bonito, que provocasse semelhante impacto. Tão alto, moreno e atraente. E quando olhara para ela nos olhos…

Carrie voltou a sentir o arrepio que a deixara sem palavras naquele momento, quando sentira o impacto daqueles olhos escuros e de pestanas compridas cravados nos seus. Houvera alguma coisa neles que a fizera sentir falta de ar. Então, a sua acompanhante pedira água e a magia passara. E então… então acontecera o desastre.

O senhor Bartlett gritara quando a encontrara ao fundo da galeria e despedira-a ali mesmo. Carrie disse para si que tinha muita sorte por não ter de pagar o vestido da mulher que, sem dúvida, custaria centenas de libras. Mas tinham-na despedido sem lhe pagar o salário, que serviria para pagar a lavandaria, segundo o senhor Bartlett.

Bom, pelo menos agora poderia procurar um trabalho de dia. Só estava há três meses em Londres e alegrava-se por ter podido ir-se embora de casa e afastar-se da tristeza e da lembrança angustiante dos últimos dias do seu pai. Já para não falar das ofertas amáveis de ajuda económica que nunca poderia aceitar.

Mas Londres era um lugar inóspito, sobretudo quando se tinha tão pouco dinheiro. Custava-lhe manter a cabeça fora da água, mas tinha de o fazer, pelo menos até acabar o Verão e voltar outra vez a Marchester para retomar a sua vida, embora fosse doloroso sem o seu pai.

Havia outro aspecto de Londres de que também não gostava. O problema que ela tinha. Isso fora o que a fizera perder o primeiro emprego que tivera. Trabalhava num bar e um cliente tocara-lhe numa perna. Espantada e indignada, dera-lhe uma palmada forte na mão. O homem queixara-se e tinham-na despedido. Para Carrie era muito difícil que a tratassem assim ou que olhassem para ela como os homens costumavam fazer, tão sordidamente. Embora aquela palavra não servisse para definir o modo como aquele homem olhara para ela. Nesse momento, fizera com que ela sentisse falta de ar.

Carrie voltou a sentir a mesma tensão no peito ao recordar o seu olhar. Aquele homem era uma fantasia para qualquer mulher. E, provavelmente, também seria rico, porque todos os convidados da galeria pareciam ricos. Carrie fez uma careta. Fosse como fosse, pertencia a uma Londres que lhe estava proibida, que vislumbrava do outro lado, onde estavam pessoas como ela que serviam os que eram como ele e permaneciam no anonimato sem incomodar.

Carrie voltou a sentir-se deprimida e apertou o passo, encolhendo inconscientemente os ombros. Ainda faltava um bom trecho até chegar à casa triste de Paddington.

De repente, parou. A porta de um carro acabara de se abrir à frente dela, obrigando-a a dar a volta para seguir o seu caminho. Quando estava prestes a fazê-lo, ouviu uma voz.

– Estás bem?

Carrie virou a cabeça. Um tom de voz profundo e tingido de um sotaque que não soube reconhecer surgiu do interior do carro. Ao olhar para quem falara, esbugalhou os olhos. Era o homem da galeria. Carrie sentiu uma pontada de angústia. Ia exigir-lhe dinheiro pelo vestido da sua acompanhante?

O homem estava a sair do carro e ela recuou. Era mais alto do que recordava e parecia ainda mais atraente.

– Isto… é por causa do vestido? – perguntou, agarrando-se à mala com tensão.

O homem franziu o sobrolho, o que o fazia parecer ainda mais ameaçador no seu fato escuro feito à medida.

– Porque não estás na galeria? – perguntou-lhe, sem responder à sua pergunta.

Carrie engoliu em seco. Parecia mais uma acusação do que uma pergunta.

– Despediram-me – foi a única coisa que conseguiu dizer.

O homem disse algo num idioma que ela não reconheceu. Carrie agarrou-se com mais força à mala.

– Lamento o que se passou com o vestido. O senhor Bartlett disse que usaria o meu salário para o limpar, portanto espero que fique bem.

O homem fez um gesto de impaciência com a mão.

– Já estão a tratar do vestido – garantiu. – Mas diz-me, queres recuperar o teu trabalho? Se for assim, eu encarregar-me-ei disso. Está claro que o que aconteceu foi um acidente.

Carrie sentiu que as suas faces coravam.

– Não, por favor – garantiu. – Quero dizer, obrigada pela intenção. E lamento o que se passou com o vestido – acabou, bruscamente. Depois, fez menção de continuar a andar. Mas o homem segurou-a pelo ombro.

– Deixa-me levar-te a casa – o seu tom de voz mudara em certa forma. Já não parecia tão cortante.

– Não, obrigada – respondeu ela, sentindo a sua mão a queimar-lhe o cotovelo. – Posso ir a pé.

Os olhos do homem reflectiram algo parecido com surpresa, ou foi o que Carrie pensou.

– De qualquer forma, insisto – disse o homem. – É o mínimo que posso fazer por ti. Se tivesse sido mais rápido, podia ter segurado na bandeja. E agora diz-me, onde queres que te leve?

A pressão do cotovelo aumentara imperceptivelmente e Carrie sentiu como a guiavam para o interior do carro. Uma vez lá dentro, procurou a jovem morena, mas não estava lá.

– Onde está a tua namorada? – perguntou, sem pensar no que dizia. O homem acomodou-se ao seu lado no banco e olhou para ela com o sobrolho franzido.

– Namorada?

– A mulher a quem sujei o vestido.

– Não é minha namorada – o homem pronunciou aquela palavra como se fosse completamente estranha.

Carrie sentiu que alguma coisa despertava nela. Uma coisa que sabia que seria inútil, mas não conseguiu evitá-la. Aquela morena tão chique não era a sua namorada. Voltou a engolir em seco.

– Se me deixar ao fundo de Bond Street, perfeito. Muito obrigada.

O homem não disse nada, limitou-se a dizer ao motorista para onde tinha de ir e o carro começou a andar. Carrie recostou-se no banco de couro. Nunca estivera num carro tão luxuoso. O homem carregou num botão e apareceu uma bandeja. Carrie esbugalhou os olhos. Havia uma garrafa de champanhe e vários copos. Antes de conseguir dizer ou fazer alguma coisa, observou como o homem levantava a garrafa e a abria com perícia antes de servir um dos copos e oferecer-lho. Carrie agarrou-o sem saber o que fazia. O homem sorriu quase imperceptivelmente e, depois, encheu o seu próprio copo antes de pousar a garrafa no seu lugar. Depois, virou-se para olhar para Carrie.

– É um champanhe muito bom – elogiou, com um sorriso breve antes de levar o copo aos lábios. – Prova-o.

Carrie bebeu um gole do seu copo. O líquido dourado deslizou pela sua boca. Ela não sabia nada sobre champanhe, mas estava delicioso.

– Delicioso! – exclamou, em voz alta. Não sabia o que mais dizer. Estava a beber champanhe com um desconhecido alto, moreno e bonito. Aquilo era algo que não lhe aconteceria duas vezes na vida, portanto mais valia desfrutar da experiência.

– Fico contente por gostares – declarou o homem, bebendo um gole do seu copo. Esticou as longas pernas para a frente. Os seus olhos pousaram em Carrie, que não conseguiu evitar sentir uma pontada de excitação. – E diz-me, onde gostarias de jantar esta noite? – o seu tom de voz era mais suave do que nunca.

– Jantar? – Carrie deu um salto.

– É claro – garantiu o desconhecido, como se fosse o mais lógico enquanto apontava para o copo meio vazio.

Carrie olhou para ele fixamente nos olhos. Ele retribuiu o olhar.

– Mas… não te conheço – queixou-se, em voz baixa. – Podes ser perigoso.

Alexeis nunca ouvira ninguém dizer-lhe que poderia ser «perigoso». A novidade intrigava-o. Mas tudo aquilo era uma novidade para ele; o que fizera, o que continuava a fazer e o que tencionava fazer. Nunca vivera uma experiência semelhante. Mas, afinal de contas, a jovem tinha razões para se mostrar cautelosa. Uma cidade como Londres podia ser perigosa para as mulheres bonitas e vulneráveis.

Alexeis pôs a mão no bolso da camisa e tirou uma caixinha de prata.

– Espero que isto te tranquilize – replicou, abrindo-a e oferecendo-lhe um cartão.

– Ale-xe-is Ni-Nicol-ai-des – leu Carrie, hesitando nas sílabas desconhecidas.

– Terás ouvido falar do grupo empresarial Nicolaides… – comentou ele, com uma certa arrogância.

A jovem abanou a cabeça.

Alexeis voltou a sentir a mesma sensação de novidade. Nunca conhecera ninguém que não tivesse ouvido o nome Nicolaides. Embora, é claro, ele estivesse em círculos de dinheiro. Porque esperava que uma simples empregada soubesse essas coisas?

– Aparece em várias Bolsas. Eu sou o director e o meu pai o presidente. Portanto, como vês, sou bastante respeitável. Portanto, estás completamente a salvo.

Carrie olhou para ele. O seu rosto reflectia incerteza. Tinha de sair do carro. Tinha de lhe pedir que parasse o carro para regressar a pé para a casa velha onde não conhecia ninguém e onde jantaria um pouco de queijo fundido, como sempre. A perspectiva não era apetecível.

Seria assim tão mau jantar com aquele Alexeis Nicolaides? Não era a sua riqueza óbvia, nem o carro luxuoso nem os copos de champanhe que a tentavam.

Era o homem. O homem que a deixara com falta de ar da primeira vez que o vira. O homem que era incapaz de parar de observar porque se tratava da pessoa mais atraente que alguma vez vira.