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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

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28001 Madrid

 

© 2008 Miranda Lee

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Sedução malévola, n.º 1149 - outubro 2017

Título original: The Millionaire’s Inexperienced Love-Slave

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-375-4

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Capítulo 17

Capítulo 18

Capítulo 19

Capítulo 20

Capítulo 21

Capítulo 22

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Sharni estava prestes a almoçar num café muito na moda em Sidney quando achou ver entrar o seu falecido marido. Enquanto observava Ray com os olhos esbugalhados, agarrou com força o menu que tinha nas mãos. O coração pulsava-lhe a toda a velocidade no peito.

Finalmente, a sensatez apoderou-se dela e ajudou-a a acalmar-se. Não era Ray. Simplesmente, tratava-se de um homem que se parecia com ele.

Não. Era muito mais do que uma simples parecença. Aquele homem era igual ao seu marido. Se ela mesma não tivesse identificado o corpo sem vida do seu falecido marido há cinco anos, talvez pudesse acreditar que ele não estava naquele comboio naquele dia fatídico.

Meu Deus…! Até andava como Ray!

O olhar atónito de Sharni seguiu o homem enquanto o empregado o conduzia até uma mesa situada ao lado da janela, não muito longe da que ela ocupava. Tentava encontrar alguma coisa diferente, qualquer coisa que não encaixasse com as lembranças que tinha do marido que tanto tinha amado e que tinha perdido tão tragicamente…

Nada!

Talvez aquele desconhecido fosse um pouco mais alto e estivesse um pouco mais bem vestido. O casaco castanho de camurça que usava parecia muito caro, tal como a camisa creme de seda e as calças bege elegantes.

À excepção disso, tudo o resto era igual. O mesmo corpo. O mesmo rosto. O mesmo cabelo, tanto na cor, como no estilo.

Ray tinha um cabelo lindo… Espesso e ondulado, castanho com reflexos avermelhados. Costumava usá-lo comprido, abaixo do colarinho da camisa. Sharni adorava deslizar os dedos por entre as madeixas… Ray também gostava.

O sósia de Ray tinha exactamente o mesmo cabelo.

Enquanto observava como o desconhecido se sentava, Sharni sentiu que lhe secava a boca. Esperava que ele afastasse o cabelo da testa do mesmo modo que Ray o fazia cada vez que se sentava…

Quando o fez, Sharni teve de se conter para não gritar.

Que tipo de partida cruel do destino era aquela?

Ultimamente, tinha estado tão bem… Finalmente, fora capaz de retomar o controlo da sua vida. Tinha voltado a trabalhar, embora só a tempo parcial. Apesar de não ser muito, era melhor do que estar sentada em casa o dia todo.

Aquela viagem a Sidney fora outro grande passo para ela. Quando a sua irmã lhe oferecera um fim-de-semana na cidade australiana como presente do seu trigésimo aniversário, a reacção inicial de Sharni fora recusá-lo.

– Não posso deixar Mozart um fim-de-semana inteiro, Janice – fora a sua primeira resposta, embora soubesse que aquilo era simplesmente uma desculpa.

Tinha de admitir que Mozart não era o mais dócil dos cães. Ainda continuava triste com a perda de Ray e mostrava-se um pouco agressivo com as outras pessoas. No entanto, John, o veterinário da vila e também chefe de Sharni, era capaz de lidar com ele e ficaria encantado por cuidar dele para Sharni.

Janice tinha compreendido que se tratava de uma desculpa e não parara de insistir, tal como a psicóloga de Sharni, uma mulher muito amável que tinha estado a tratá-la desde que lhe tinham diagnosticado stress pós-traumático há um ano.

Por fim, não restara a Sharni outro remédio senão aceder.

Custara-lhe muito entrar no comboio no dia anterior, mas tinha conseguido. No entanto, tivera de se agarrar ao seu telemóvel quando o comboio arrancara da estação, receando que se apoderaria dela um ataque de pânico. Janice tinha conseguido acalmá-la e, quando o comboio chegara finalmente a Sidney, Sharni sentira-se um pouco como a mulher que era antes. Naquela manhã, fora ao cabeleireiro do hotel para que lhe arranjassem o cabelo e, em seguida, fora às compras. As roupas que comprara eram informais, mas mais caras do que as que costumava comprar.

O dinheiro não era um problema para ela. Quase não tinha tocado nos três milhões de dólares da indemnização que tinha recebido há dezoito meses.

Quando entrara naquele café pouco depois da uma hora, vestida com um dos seus conjuntos novos, sentira-se muito mais optimista. Por uma vez, a ansiedade não lhe atacava o estômago.

De repente, o mundo voltara a ficar de pernas para o ar.

Não conseguia deixar de olhar para o bonito desconhecido que tanto lhe recordava o homem que tinha amado. Tinha lido algures que toda a gente tinha um sósia, mas, naquele caso, era muito mais. Se não tivesse sabido que era impossível, teria dito que aquele homem era o irmão gémeo de Ray.

Aquele pensamento deixou-a boquiaberta. Talvez fosse… Afinal de contas, Ray fora adoptado e nunca tinha sabido as circunstâncias do seu nascimento porque, segundo ele, não lhe interessavam.

Não era algo desatinado que dois gémeos tivessem sido separados à nascença e depois tivessem sido adoptados por famílias diferentes. Poderia ser essa a explicação para a parecença surpreendente que tinha diante dos seus olhos?

Tinha de descobrir.

Tinha de o fazer.

Capítulo 2

 

Adrian tinha reparado na morena atraente através da janela do café antes de entrar. Apesar de sempre o terem atraído mulheres morenas, a presença daquela desconhecida não fora a razão para entrar no estabelecimento. Desde que se mudara para um apartamento de luxo na Bortelli Tower há um mês, Adrian tornara-se um cliente assíduo do café que havia por baixo do edifício onde vivia, por um lado, porque lhe era muito conveniente e, por outro, porque a comida era magnífica.

Quando entrou, a morena levantou os olhos e olhou muito fixamente para ele.

Noutra ocasião, Adrian poderia ter-lhe devolvido o olhar, em vez de o desviar e de fingir que não se dera conta do seu interesse. No entanto, não se encontrava com humor para aproveitar a companhia feminina. Ainda estava a ruminar o que Felicity lhe dissera na noite anterior.

– Não devias ter uma namorada a sério! – exclamara-lhe ela, depois de Adrian chegar francamente tarde a um jantar. – O que precisas é de uma amante! Alguém à mão só para o sexo. Alguém por quem não tenhas sentimentos, nem consideração alguma. No entanto, o que eu preciso é de um homem que me ame do fundo do coração. A única coisa que tu amas, Adrian Palmer, é a ti mesmo e aos teus malditos edifícios. Estou farta de esperar que me telefones ou que apareças. Um grande amigo avisou-me da tua reputação de sedutor viciado no trabalho, mas eu, estúpida, achei que conseguiria mudar-te. Estou a ver que não consigo. Vou-me embora. Talvez um dia conheças uma mulher que te parta o coração. Garanto-te que assim o espero!

O facto de Felicity lhe ter dito que tinha reputação de ser um sedutor viciado no trabalho escandalizara Adrian, tal como saber que a magoara, dado que sempre tinha achado que Felicity estava tão concentrada no seu trabalho como ele. Evidentemente, ela sentira muito mais por ele do que Adrian alguma vez sentira por ela.

Pressupunha que deveria ter-se dado conta, mas não fora assim. Na noite anterior, passara algumas horas a jurar a si mesmo que mudaria, que deixaria de ser tão egoísta. Precisamente por isso, estava a ignorar a morena, apesar de o seu ego masculino se sentir muito lisonjeado por os olhos daquela desconhecida não pararem de o seguir por toda a sala.

Quando se sentou e puxou o cabelo para trás, viu uma imagem daquela mulher reflectida na janela.

Meu Deus…! Não era bonita, mas muito bonita… Uma longa cabeleira preta emoldurava um bonito rosto adornado por uns olhos castanhos enormes que não paravam de olhar para ele.

Quando pegou no menu, Adrian não conseguiu evitar olhar para ela de soslaio. Ela desviou imediatamente os olhos, mas não sem que ele conseguisse ver antes confusão reflectida neles.

«Ainda bem que ela não é das atrevidas», pensou Adrian. Se fosse, talvez ele tivesse sentido a tentação de se aproximar da sua mesa para lhe pedir que almoçassem juntos. Aquele pensamento não dizia muito sobre a sua decisão de deixar de ser um sedutor.

De repente, a morena levantou-se da sua mesa e aproximou-se de um Adrian surpreendido.

– Hum… Desculpe – disse.

Adrian levantou o olhar do menu, que fingia estar a ler.

De perto era ainda mais bonita, com o rosto ovalado, pele clara, um narizinho arrebitado e uma boca que qualquer homem desejaria beijar. A sua figura também não era nada má. Umas calças pretas e uma camisola cor-de-rosa justa mostravam-na em todo o seu esplendor e destacavam uns seios terminantes e uma cintura estreita.

– Desculpe – acrescentou, – mas tenho de lhe fazer uma pergunta. Certamente, pensará que sou mal-educada, mas… preciso de saber.

– Saber o quê?

– Por acaso, é adoptado?

Adrian pestanejou. Aquela maneira de abordar um homem era muito original e eficaz. Muito melhor do que «já nos vimos antes?».

Talvez tivesse feito uma ideia errada dela. Talvez fosse muito atrevida. Além disso, sempre se sentira atraído por morenas. Considerava-as muito mais interessantes. Representavam um desafio muito maior. E Adrian gostava de desafios.

– Não, garanto-lhe que não – replicou. Perguntou-se o que faria em seguida.

A desconhecida franziu o sobrolho, com expressão perplexa.

– Tem a certeza? Quer dizer, não quero causar-lhe problemas, mas alguns pais não dizem aos seus filhos que foram adoptados. Acha que existe a possibilidade de ter podido acontecer-lhe algo do género?

Adrian finalmente compreendeu que aquela mulher não estava a tentar seduzi-lo. A pergunta era totalmente verdadeira, tal como reflectia o olhar daqueles olhos maravilhosos.

– Garanto-lhe que sou filho biológico dos meus pais e tenho fotografias que o provam. Além disso, o meu pai jamais me teria escondido uma coisa tão importante como isso. Era uma pessoa que valorizava muito a sinceridade.

– Nesse caso, é incrível… Verdadeiramente incrível!

– O quê? – perguntou Adrian. Tinha acabado por sentir curiosidade.

– Não importa – respondeu ela, abanando a cabeça. – Lamento imenso tê-lo incomodado.

– Não, não se vá embora – pediu Adrian, ao ver que ela se dispunha a virar-se.

Aquela situação era um verdadeiro mistério por resolver e Adrian adorava mistérios quase tanto como desafios.

– Não pode deixar-me assim. Tenho de saber porque achou que eu poderia ser adoptado. Sente-se e conte-me.

Ela olhou com certa preocupação para a sua própria mesa, onde deixara a sua mala e as compras que tinha feito.

– Porque não vai buscar as suas coisas e se senta comigo para almoçar?

A desconhecida observou-o durante um longo instante.

– Desculpe… Não acho que possa fazer algo do género.

– Porquê?

O olhar foi-se tornando cada vez mais agitado, tal como os movimentos das suas mãos. Ao reparar em como torcia as mãos, Adrian deu-se conta de que ela usava um anel de noivado e uma aliança. Saber que era casada desiludiu-o.

– Porque o seu marido não gostaria? – perguntou, indicando ao mesmo tempo a mão esquerda dela.

O facto de Adrian mencionar o seu marido pareceu perturbar ainda mais a desconhecida.

– Eu… Eu já não tenho marido – replicou. – Sou viúva.

Adrian quase não conseguiu disfarçar a sua satisfação ao ouvir aquelas palavras.

– Lamento – disse, apesar de tudo, tentando parecer sincero.

– Morreu num acidente… Eu tive de identificar o corpo. Eu… Oh, meu Deus…! Tenho de me sentar.

A mulher sentou-se na cadeira que havia à frente dele. O seu rosto pálido tinha adquirido uma tonalidade cinzenta. Adrian apressou-se a servir-lhe um copo de água fresca do jarro que estava sobre a mesa. Ela bebeu-o de um gole e, depois, voltou a abanar a cabeça.

– Deve pensar que sou louca. É que… Você parece-se tanto com ele…

– Com quem? – perguntou Adrian, justamente antes de deduzir a quem se referia.

– Com Ray.

– O seu falecido marido.

– Sim. A parecença é assombrosa. Poderia… Poderia ser irmão gémeo dele.

– Entendo – disse Adrian. – Era por isso que queria saber se eu sou adoptado.

– Pa… Parecia-me a única explicação possível.

– Dizem que toda a gente tem um sósia, sabe?

– Sim, sim. Já ouvi dizer. Essa deve ser a explicação, porém, mesmo assim, é um choque.

– Imagino.

– Na verdade, agora que o vejo de perto, os seus traços não são exactamente iguais aos de Ray. Algumas coisas são um pouco diferentes. Simplesmente, não tenho a certeza de… – acrescentou, inclinando ligeiramente a cabeça, como se estivesse a analisar o seu rosto.

– Há quanto tempo morreu o seu marido? – perguntou-lhe Adrian, pensando que devia ser uma perda muito recente.

– Cinco anos.

Adrian franziu o sobrolho. Cinco anos e ela continuava a sentir a falta dele! Devia tê-lo amado muito. No entanto, já estava na altura de seguir em frente com a sua vida. Era ainda muito jovem e bonita… Muito, muito bonita. Sentiu uma sensação muito familiar no sexo.

– Ray morreu num comboio que descarrilou nas Blue Mountains – explicou ela, com tristeza. – Várias pessoas faleceram também naquele dia.

– Lembro-me. Foi uma tragédia e, se me lembro bem, um acidente que podia evitar-se.

– É verdade. O comboio ia demasiado depressa para o estado da via.

– Lamento a sua perda. Tinham filhos? – perguntou-lhe. Parecia ter idade suficiente para ser mãe. Rondaria os trinta anos.

– O quê? Não – afirmou, um pouco brusca. – Não, não tivemos filhos. Olhe, acho que é melhor voltar para a minha mesa. Lamento tê-lo incomodado. Obrigada pela água.

Adrian agarrou-lhe uma mão por cima da mesa, antes que ela pudesse fugir.

– O meu nome é Adrian Palmer – disse, em jeito de apresentação. – Sou filho único. O meu pai era Arthur Palmer, médico de família, já falecido, e a minha mãe chama-se May Palmer, enfermeira reformada. Tenho trinta e seis anos e sou um arquitecto de sucesso. De facto, desenhei este edifício.

Ela olhou-lhe para a mão e depois para o rosto.

– Porque está a contar-me isto tudo?

– Para não ser um desconhecido. Foi por isso que se recusou a almoçar comigo, não foi?