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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

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28001 Madrid

 

© 2007 Trish Morey

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Feliz engano, n.º 1147 - outubro 2017

Título original: The Boss’s Christmas Baby

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-373-0

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Maverick não suportava que o fizessem esperar. Inquieto, levantou-se da cadeira, abriu novamente a porta do seu escritório e espreitou para ver se a sua secretária já tinha chegado.

Não acontecera.

O seu computador continuava desligado. Sobre a mesa, um relógio digital mostrava a hora com números vermelhos brilhantes. Eram nove e quinze. Onde se tinha metido? Seria uma espécie de vingança por não ter acedido a dar-lhe uma semana de férias? Ou, simplesmente, acharia que ele estaria em viagens de negócios a semana toda e estaria a fazer tudo com calma?

De qualquer forma, se aquela era a sua maneira de se comportar quando ele estava fora, teria o seu castigo. Não estava disposto a continuar a pagar-lhe tão generosamente como o fazia para que ela se ausentasse alegremente nas horas de trabalho. Era uma boa profissional, mas não estava disposto a aceitá-lo.

Com um gemido, virou-se, entrou novamente no seu escritório batendo a porta com força e, furioso, deixou-se cair na cadeira, afrouxando a gravata.

O negócio na Europa estava prestes a ser fechado e era preciso redigir o contrato para Rogerson o quanto antes.

Onde raios se metera?

 

 

Que manhã que a esperava!

Com a música do iPod a ecoar-lhe nos ouvidos, Tegan Fielding saiu do elevador quando as portas se abriram no andar reservado aos executivos. Aquele seria o seu local de trabalho durante uma semana.

Observou com atenção. Era tudo exactamente como a sua irmã, Morgan, lhe tinha descrito. Sem olhar sequer, sabia perfeitamente que, se se dirigisse para a esquerda, chegaria à cozinha e, se o fizesse para a direita, às casas de banho. Em frente, ficava o escritório do chefe de Morgan e a mesa onde a sua irmã trabalhava todos os dias.

Na verdade, Tegan não precisava de saber tudo com tanto detalhe. Não pensava permanecer ali mais do que uma semana, nem encontrar-se com o chefe da sua irmã gémea.

Murmurando para si, Tegan continuou em frente e, ao chegar à mesa de Morgan, deixou sobre ela a mala e tirou uma embalagem nova de meias.

A sua irmã, Morgan, prevenira-a várias vezes sobre a idosa que vivia perto da paragem do autocarro. Dissera-lhe para, sobretudo, ter cuidado com os seus cães, mas Tegan não tinha chegado a imaginar nem por um momento que aquelas duas feras se atirariam a ela ao verem-na. E, embora depressa a tivessem esquecido para atacarem outro pobre transeunte despistado, as meias que vestira naquela manhã tinham ficado rasgadas e a sua saia, num estado lastimável.

Tinha tido de regressar rapidamente a casa, mudar-se, voltar a apanhar o autocarro, tendo especial cuidado para não voltar a encontrar-se com os dois monstros, descer junto do escritório de Morgan e comprar umas meias novas antes de entrar.

Se Morgan estivesse ali naquele momento, estaria com os nervos em franja. Tinha insistido que, acima de tudo, não devia chegar tarde, já que o seu chefe era um maníaco da pontualidade, um déspota com o dinheiro dos seus empregados, segundo palavras da sua irmã. Tegan tinha-se esforçado o possível para chegar a tempo, mas fora-lhe impossível. De qualquer modo, o que importava, se o chefe de Morgan não estaria a semana toda?

Tegan sentou-se na cadeira e tirou as meias da embalagem. Eram de seda, uma loucura que nunca teria cometido, se não fossem as circunstâncias em que tudo acontecera. Além disso, tinha a certeza de que Morgan a compensaria pelo favor que estava a fazer-lhe.

Tegan sentiu o toque suave da seda sobre as suas mãos. Depois de ter estado a trabalhar três anos em campos de refugiados e de ter regressado para confirmar que era muito complicado arranjar emprego, aquele momento estava cheio de um prazer contraditório.

Mas, de repente, afastou de si aquele sentimento de culpa perigoso. Depois da manhã que tinha tido, merecia-o.

Antes de as calçar, olhou à sua volta para confirmar que não havia ninguém por perto. A sua irmã dissera-lhe que só podia aceder-se àquele andar com marcação prévia. Isso significava que, estando o chefe de Morgan no outro lado do planeta, as possibilidades de se encontrar com alguém eram praticamente nulas. E era exactamente o que Tegan queria.

Depois de tirar um dos sapatos, Tegan calçou a meia lentamente, confirmando que não fazia nenhuma malha. Quando chegou ao joelho, subiu um pouco a saia e esticou a meia até chegar quase à anca.

Parecia feita à medida! Ficava-lhe perfeita.

Com a música a encher-lhe os ouvidos de ritmo, Tegan levantou a perna para a ver melhor. Adorava a cor dourada e quente que a meia dava à sua perna. Afinal, aquele dia não seria uma perda de tempo.

 

 

Não fora sua intenção olhar. Só se tinha levantado do seu lugar ao ouvir o som do elevador e assomara a cabeça à porta para ver se a sua secretária já se dignara a aparecer. Mas, ao ver aquela perna interminável envolta em seda, a fúria que até então lhe tinha enchido a cabeça desceu pelo seu corpo até chegar a um lugar muito diferente.

Ficou quieto, a admirar como levantava a outra perna e introduzia lentamente nela a meia. Quem poderia ter imaginado que a sua eficiente secretária, Morgan Fielding, escondia um tesouro tão incrível?

Naquele dia, parecia muito diferente. Usava os dois primeiros botões da blusa desabotoados, deixando a descoberto uma pele suave e morena, e o cabelo, em vez de estar apanhado num prático coque, como sempre, caía pelos seus ombros e o seu rosto, fugindo dos ganchos que tentavam prendê-lo.

Sem se mexer, viu-a a levantar-se da cadeira e a subir um pouco a saia para ver se as meias lhe ficavam bem.

Bem? Ficavam-lhe mais do que bem.

O que acontecera à sua secretária?

Porque, de repente, estava a comportar-se daquela forma? Seria um dia especial para ela? Iria encontrar-se com alguém?

Do que tinha a certeza era de que essa pessoa não era ele. E pensar que outra pessoa ia tocar naquelas pernas, percorrê-las de cima a baixo…

Era demasiado. Tinha de parar de pensar nisso. Se se tratasse de outra mulher, se tivesse acontecido noutra altura, teria sido implacável, mas… Pelo amor de Deus, era a sua secretária! Não devia olhar para uma secretária do modo como estava a fazê-lo. Por muito atraente que fosse. A história com Tina tinha-o castigado para a vida toda.

Pigarreando, aproximou-se silenciosamente dela.

– Quando tiver acabado…

A sua secretária virou-se, assustada, desceu apressadamente a saia e tirou os auscultadores dos ouvidos.

Estava incomodada, não havia dúvida, e isso satisfazia-o, mas certamente a sua surpresa não era nada em comparação com a que ele apanhara.

Mas, então, em vez de reagir como ele esperava, mostrando a sua pose habitual de profissional eficiente e serviçal, a cor desapareceu do seu rosto e empalideceu por completo.

– Você!

A exclamação tinha saído dos seus lábios de forma abrupta, quase como uma acusação. Estava fora de si, a calçar os sapatos enquanto tentava manter o equilíbrio. Parecia tão envergonhada que dava a impressão de estar prestes a sair dali a correr.

– E quem esperava? – perguntou ele, meio a brincar. – A Inquisição Espanhola?

Tegan mordeu o lábio inferior para tentar recuperar o controlo dos seus nervos. Se lhe tivessem dado a escolher, teria preferido encontrar-se com a Inquisição Espanhola. Meu Deus! Era James Maverick, toda a Austrália e meio mundo o conhecia. Desde que tinha regressado, três semanas antes, encontrava constantemente artigos sobre ele em toda a parte, desde nas secções de negócios até às colunas de sociedade.

O que fazia ele ali? Não devia…?

– Mas, você… – gaguejou Tegan – devia estar em Milão! – exclamou, olhando para ele fixamente, como se estivesse à espera que voltasse a desaparecer por arte de magia.

Maverick deu a volta à mesa e aproximou-se dela.

Tinha uns olhos castanhos que a inquietavam, que pareciam ter o poder de monopolizar todo o ar dentro daquela sala. A sua irmã dissera-lhe que era um déspota, o rei dos chefes tiranos. Porque não lhe dissera também que era o chefe mais atraente que existia? Não reparara? O seu corpo emanava testosterona como se fosse um campo magnético. Conseguia senti-la tão claramente como ver a sua camisa azul-clara e as suas calças brancas.

Com aquele olhar, aquele cabelo escuro e aquela pose, parecia o protótipo de pistoleiro irresistível dos filmes do Oeste. Agora, entendia porque, no mundo dos negócios, ninguém lhe chamava James, mas Maverick. Se tivesse aparecido ali com um chapéu preto de aba larga e uma pistola, não se teria surpreendido absolutamente.

– Surpresa! – exclamou, aproximando-se ainda mais. – Estou aqui há muito tempo. E estou a ver que chegou tarde. Da próxima vez, por favor, vista-se na sua casa!

– Tive um contratempo…

– Pressuponho que sim.

– Quase não me deu tempo para me vestir!

– Já pude comprová-lo.

– Esteve a espiar-me! – exclamou Tegan, morta de vergonha.

– Estive à sua espera – corrigiu ele, assinalando o relógio. – Estou à sua espera há mais de uma hora e meia.

– Peço desculpa… Mas, como se pressupunha que estava de viagem, não pensei que fosse um problema muito grave se…

– Pois, é! – exclamou, olhando para ela nos olhos, como se tivesse querido atingi-la com aquelas palavras. – É um problema. Nunca se sabe quando pode surgir um imprevisto e surgiu. Giuseppe Zeppa teve um ataque de coração no sábado. As negociações com a Zeppabanca foram adiadas indefinidamente. Isso significa que devemos apressar-nos, caso contrário, Rogerson ficará nervoso e lavará as mãos deste assunto todo. De modo que, assim que estiver pronta, vá ao meu escritório com tudo o que houver sobre ele. Temos muito trabalho para fazer hoje.

– Mas… – tentou dizer Tegan, quase a suplicar.

O que ia fazer? Aquilo não fazia parte do combinado. Tinha aceitado fazer aquele favor à sua irmã, achando que ele estaria a semana toda fora.

– Mas, o quê? – replicou ele, queimando-a com o olhar, fazendo-a sentir-se impotente, pequena, insignificante.

O que podia dizer-lhe? «Desculpe, mas eu não sou quem você acha?» Como podia confessar-lhe que não fazia ideia do que estava a pedir-lhe?

Tegan tentou tranquilizar-se. Estava claro que não podia dizer-lhe a verdade. Se o fizesse, a sua irmã poderia perder o emprego.

Maverick não se dera conta do engano. Achava que ela era Morgan. Porque não haveria de fazer todos os possíveis para sair daquele imprevisto sem ser descoberta e apressar-se depois a telefonar à sua irmã para que regressasse o quanto antes?

Ao fim e ao cabo, já tinha trabalhado antes num escritório. Sabia trabalhar com um computador, uma impressora e as ferramentas habituais. Além disso, Morgan tinha-lhe contado algumas coisas sobre o trabalho que fazia ali.

Respirando fundo, decidiu que não tinha outra opção, senão continuar a representar aquela farsa. Devia fazê-lo pela sua irmã. Devia trabalhar com ele durante os dias que fossem necessários, os dias que Morgan demorasse a regressar.

– Não se preocupe – disse Tegan. – Vou já.