Editado por Harlequin Ibérica.
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© 2008 Jacqueline Baird
© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Dias de ira, noites de paixão, n.º 1143 - outubro 2017
Título original: The Billionaire’s Blackmailed Bride
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
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I.S.B.N.: 978-84-9170-370-9
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Página de título
Créditos
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Se gostou deste livro…
– Não posso acreditar que tenhas escolhido esta máscara para mim – Emily Fairfax, sentada à frente do seu irmão, Tom, e da sua mulher, Helen, na salão de baile de um hotel luxuoso de Londres, abanou a cabeça. – Chama demasiado a atenção – acrescentou, corando e olhando para o seu vestido vermelho.
– Então, Emily, estás muito bonita – disse Tom num tom encorajador. – Este é o baile de máscaras anual do projecto Anjo da Guarda, o projecto favorito do papá. Ele teria gostado que todos viéssemos mascarados de anjos e demónios. O papá tinha muito sentido de humor. Lembras-te do aniversário da mamã, quando insistiu que todos nos vestíssemos como cavalheiros e escudeiros?
– É claro que me lembro. A maioria das mulheres parecia rapazinhos, com os espartilhos e tudo… Às vezes perguntava-me se o papá teria tendências homossexuais – replicou, virando-se para olhar para a sua cunhada. – Mas isto é diferente, Helen.
– Porquê?
– Não tem piada nenhuma vestir um fato de látex vermelho que me fica pequeno. Em que estavas a pensar quando o compraste?
Helen olhou para ela com um brilho travesso nos seus olhos escuros. Tom e ela, juntos desde a universidade, eram os pais orgulhosos de uma menina de onze meses que nascera uma semana antes de o seu pai ter morrido com um ataque de coração. A menina chamava-se Sara, como a sua avó, que morrera três anos depois de uma longa batalha contra o cancro.
– Não sei de que te queixas. Estás óptima. Grávida de quatro meses e meio, tenho o mesmo tamanho de busto que tu. Para além disso, experimentei-o para ver se me servia – Helen sorriu.
– Mas não te lembraste de que tu medes um metro e meio e que eu meço um metro e setenta e oito? – protestou Emily. – Mal consigo pôr o capuz.
– Se tivesses vindo para Londres ontem, como devias ter feito, terias tido tempo de experimentar a máscara. No entanto, em vez disso, ficaste em Santorini a apanhar sol. Não te zangues comigo. Afinal de contas, cortei o capuz para que pudesses usar os chifres – Helen soltou uma gargalhada.
Emily mordeu o lábio inferior para não se rir também. Helen tinha razão, devia ter voltado da ilha de Santorini no dia anterior. A culpa era dela, contudo, não ia parar de se meter com a sua querida cunhada.
– Se tivesses um pouco de sensatez, terias comprado uma máscara de anjo para mim. Como a tua, na verdade. Não é mais lógico que as mulheres se mascarem de anjos e os homens se mascarem de demónios? Como o tolo do meu irmão…
– Desculpe – uma voz masculina interrompeu-a. – Olá, Tom, é um prazer voltar a ver-te.
– Antonio, ainda bem que pudeste vir.
Emily olhou para o homem que a interrompera de forma tão rude. Estava de costas para ela, a afastar uma cadeira para a sua acompanhante, uma morena fabulosa, vestida de anjo… ou algo do género. Levava um vestido quase transparente, dourado e branco, que revelava mais do que um anjo deveria revelar.
Pelo menos, o seu fato vermelho tapava-a da cabeça aos pés, pensou. Embora tivesse tido de descer o fecho uns centímetros para que aquela coisa não a sufocasse. Não era do seu estilo, certamente. Ela sabia que tinha um corpo bonito, no entanto, não estava habituada a exibi-lo de uma forma tão descarada.
– Apresento-te a minha amiga, Eloise – continuou o homem – e o meu braço direito, Max – acrescentou, apontando para um homem de meia-idade e de constituição forte.
Depois, o estranho virou-se para ela.
– Emily, não é? Tom falou-me muito de si. É um prazer conhecê-la. Sou Antonio Díaz – uma mão grande pegou na sua e Emily apertou-a, perguntando-se de onde conheceria o seu irmão aquele homem e porque nunca o mencionara.
Então, de repente, sentiu uma sensação estranha, como um arrepio. Nervosa, afastou a mão e levantou o olhar.
Aquele homem devia medir mais de um metro e noventa. Os seus olhos encontraram-se com uns olhos escuros profundos, quase pretos…
Era como uma pantera: poderoso, letal.
Emily teve de pigarrear, nervosa. Não era típico dela reagir assim.
Como as apresentações continuaram, pensou que ninguém reparara na sua reacção, embora não pudesse ter a certeza. Tinha a boca seca e não era capaz de afastar o olhar do estranho alto, vestido de preto dos pés à cabeça. Uma camisola preta de gola alta delineava a sua musculatura impressionante. Uma capa curta cobria os seus ombros largos, caindo pelas suas costas como as asas de um morcego.
Devia ter um aspecto ridículo com aquela máscara, como a maioria dos presentes, porém, isso não acontecia. Muito pelo contrário…
Um homem perigoso, pensou, sentindo o seu coração inexplicavelmente acelerado. Emily sentiu alguma dificuldade em respirar e pensou que isso não tinha nada que ver com a sua máscara de látex.
O homem tinha o cabelo preto, liso, ligeiramente mais comprido do que o normal, umas sobrancelhas escuras, as maçãs do rosto salientes, nariz fino, uma boca sensual e um sorriso perfeito com uns dentes branquíssimos. Contudo, o seu sorriso não conseguia mascarar a frieza dos seus olhos.
Não era convencionalmente bonito, as suas feições eram demasiado grandes e duramente cinzeladas. Brutalmente bonito… sim, essa era uma descrição melhor.
Havia alguma coisa insultante na forma como os seus olhos pretos se cravaram no seu decote, porém, mesmo reconhecendo a insolência masculina, Emily suspirou, aliviada, quando se sentou ao seu lado.
Poderia ser pior, disse para si. Pelo menos, sentado ao seu lado, não tinha de olhar para ele na cara.
Instintivamente, reconheceu que era um homem totalmente seguro de si mesmo, conhecedor do efeito que exercia nas mulheres e, discretamente, cruzou os braços sobre o peito para disfarçar que os seus mamilos se marcavam sob o fato de látex. Um sedutor sofisticado com uma aura de poder que intimidaria qualquer pessoa, homem ou mulher. Não, não era o seu tipo de homem…
Mesmo assim, tinha de reconhecer que era um homem tremendamente sexy, tal como indicava a resposta surpreendente do seu corpo.
– Devia ter vergonha de ser tão sexista – disse então num tom brincalhão.
– Desculpe, senhor Díaz? – perguntou Emily com uma amabilidade fria.
– Num mundo de igualdade entre os sexos é inapropriado pensar que todas as mulheres deviam vestir-se de anjos e os homens de demónios, não acha? E, dado o fato fantástico que leva, também me parece um pouco hipócrita.
– Nisso tem razão – comentou Helen e todos se riram.
Todos menos Emily.
– Este fato foi escolhido pela minha cunhada, que tem um sentido de humor muito perverso. E vejo que o senhor está vestido de demónio, o que prova a minha teoria. Embora pareça ter esquecido os chifres.
– Não me esqueci deles. Eu não me esqueço de nada – replicou, olhando para ela nos olhos com um descaramento que acelerou a sua pulsação. – Não sou um demónio. Sou mais… um anjo caído.
Sim, aquela era a máscara perfeita para ele. Preta e ameaçadora. Emily olhou para ele nos olhos e pareceu-lhe ver um brilho de… raiva? Porquê? Não fazia ideia, no entanto, decidiu que tinha de controlar a sua imaginação louca. Nunca um homem a afectara daquela forma. Conhecera muitos homens e sentira-se atraída por alguns, contudo, nunca daquela forma.
Tinha vinte e quatro anos, era arqueóloga marinha e passara os dois últimos anos da sua vida, depois de ter acabado o curso, em trabalho de campo. Os seus colegas eram, na sua maioria, homens, exploradores, mergulhadores e companheiros arqueólogos, dedicados a localizar artefactos no fundo do mar. Alguns deles eram atraentes, porém, nunca sentira aquele calor, aquela excitação que Antonio Díaz despertava com um simples olhar.
«Tem calma», disse para si. Fora com uma mulher muito bonita que devia ser a sua namorada e, apesar de ela se considerar atraente, não estava à altura da tal Eloise.
Em que estava ela a pensar?
Com vinte e um anos, depois de um noivado desastroso que acabara abruptamente quando encontrara o seu noivo na cama com a sua companheira de faculdade, decidira esquecer os homens para sempre.
Nigel fora contabilista na empresa do seu pai. Um homem por quem se apaixonara quando tinha dezasseis anos, um homem que a beijara no dia em que fizera dezoito anos, dizendo sentir o mesmo por ela, um homem que lhe oferecera consolo e apoio quando a sua mãe morrera e cujo pedido de casamento aceitara pouco depois. Um homem que, quando o encontrara na cama com a sua companheira, admitira que andava a enganá-la há um ano. A sua companheira, e suposta amiga, dissera-lhe também que era uma parva, que Nigel estava apenas interessado nela pelo seu dinheiro e pelos seus contactos.
Tudo aquilo lhe parecera cómico na altura. Sim, certamente a casa dos seus pais valia milhões, contudo, eles viviam lá, tinham vivido lá durante gerações e, embora o negócio familiar tivesse lucros todos os anos, não tinham nenhuma fortuna. Contudo, naquele momento, sentindo-se traída, jurara que nunca competiria por um homem. E, na verdade, durante os anos seguintes, nunca sentira a necessidade de o fazer. Talvez fosse por isso que nunca mais voltara a ter uma relação importante, pensou, irónica.
– Sim, claro, estou a ver – respondeu finalmente. – Um anjo caído.
– Eu perdoo-a – disse Antonio com um sorriso espantoso.
– Não me lembro de ter pedido desculpa – replicou.
Então chegaram os dois últimos convidados e Emily suspirou de alívio. Eram a sua tia Lisa, a irmã mais velha do seu pai, e o seu marido, James Browning, que, para além disso, era o presidente do conselho de administração da Engenharia Fairfax desde a morte do seu pai.
Porém, um comentário de Antonio Díaz, feito em voz baixa, voltou a surpreendê-la:
– Mas se gostar mais de um demónio, tenho a certeza de que isso pode arranjar-se.
Emily olhou para ele, atónita. Teria ouvido mal? Estaria a seduzi-la de forma tão descarada sem a conhecer de lado nenhum… e com a sua namorada ao lado?
Depois do jantar, quando a orquestra começou a tocar e Antonio e Eloise foram para a pista de dança, Emily não conseguia deixar de olhar para eles. Faziam um casal fabuloso e, pela forma como Eloise se agarrava a ele, não havia dúvida de que havia uma relação íntima entre eles.
Emily virou-se para James para lhe perguntar o que queria perguntar-lhe há quase uma hora: quem era Antonio Díaz?
Segundo o seu tio, era fundador de uma empresa que obtinha lucros enormes a comprar, a reestruturar e a voltar a vender empresas por todo o mundo. Pelos vistos, era um homem de grande influência e poder e também era extremamente rico. Era respeitado em todo o mundo como um génio das finanças. A sua nacionalidade não estava muito clara. O seu nome era espanhol, porém, alguns diziam que era grego porque falava a língua como se tivesse nascido lá.
Havia rumores de todo o tipo sobre ele. Segundo a sua tia Lisa, a sua avó fora dona de um bordel de luxo no Peru e a sua mãe fora a amante de um magnata grego. Diziam que Antonio Díaz era o resultado dessa relação.
A sua tia também lhe contou que tinha uma villa magnífica numa ilha grega, uma propriedade enorme no Peru, um apartamento luxuoso em Nova Iorque e outro em Sidney. Recentemente, adquirira um edifício de escritórios prestigioso em Londres, onde residia nas suas águas-furtadas quando estava na cidade e, certamente, teria mais propriedades. Ah, e as festas que organizava no seu iate eram lendárias.
James tentou pôr de parte os mexericos, contando-lhe que conhecera Antonio uns meses antes, numa conferência na Europa, onde tinham ficado amigos. Fora por isso que Tom o convidara nessa noite. De facto, os conselhos experientes de Antonio Díaz tinham sido fundamentais para a sua decisão de diversificar e ampliar a Engenharia Fairfax, disse o seu tio, quase com tom reverencial.
Para Emily, era uma novidade que a empresa familiar precisasse de se diversificar e de se ampliar, contudo, não teve tempo de fazer perguntas, pois a sua tia voltou a intervir na conversa. Aparentemente, Antonio era um solteiro tão famoso pelas mulheres com quem tinha tido relações como pela sua habilidade nos negócios. As suas inúmeras aventuras com modelos e actrizes eram, aparentemente, documentadas pela imprensa cor-de-rosa.
Na verdade, isso foi um alívio. Então a sua reacção perante aquele homem era normal… Antonio emitia um magnetismo animal que, provavelmente, afectava todas as mulheres da mesma forma. Se acreditasse em tudo o que diziam dele, Antonio Díaz aproveitava-se bem do impacto que tinha nas mulheres. Não era o tipo de homem com quem uma mulher digna quisesse ter uma relação.
Depois do seu noivado desastroso com Nigel, Emily tinha ideias muito firmes sobre o tipo de homem com quem queria casar-se. Queria um homem em quem pudesse confiar. Certamente, não queria um mulherengo, famoso em todo o mundo. Para além disso, ela não tinha pressa por se casar. Gostava demasiado do seu trabalho para interromper a sua carreira por causa de um homem.
Bebendo um gole de café, sorriu quando os seus tios se levantaram para ir para a pista de dança. Depois, olhando à sua volta, comprovou que Max e ela tinham ficado sozinhos na mesa.
Ela, que era uma rapariga naturalmente alegre, também era realista e nunca deixava que alguma coisa que não conseguisse mudar a incomodasse durante muito tempo. Acreditava firmemente em ser positiva e em aproveitar cada situação, por muito adversa que fosse. Nem a máscara que a sua cunhada lhe comprara, nem a sua reacção estranha perante Antonio Díaz iam impedi-la de desfrutar da festa.
– Bom, Max, quer dançar? – perguntou.
O homem levantou-se apressadamente.
– Claro – respondeu, olhando para ela com admiração. – É muito bonita, menina – disse depois, pegando na sua mão para a levar para a pista de dança.
Max era um pouco mais alto do que Emily e bastante mais gordo, contudo, era também um bom bailarino e Emily decidiu divertir-se.
Antonio Díaz não conseguiu disfarçar um sorriso de satisfação. O homem que queria conhecer, Charles Fairfax, morrera um ano antes, no entanto, a sua família e a sua empresa continuavam a existir e serviriam de igual modo os seus propósitos.
Depois olhou à sua volta, fazendo uma careta de desdém. A elite social de Londres num baile de máscaras, com o objectivo de angariar dinheiro para os meninos de África, aparentemente um dos projectos favoritos da família Fairfax. Os seus olhos pretos brilharam, furiosos.
Em Dezembro passado, a sua mãe, como se tivesse intuído que o final estava próximo, contara-lhe finalmente a verdade sobre a morte da sua irmã Suki, vinte e seis anos antes. Na verdade, Suki era a sua meia-irmã, contudo, para ele, sempre fora a sua irmã mais velha, quem cuidara dele.
Ele pensava que Suki morrera num acidente de viação, trágico mas inevitável. Porém, a realidade era que se atirara deliberadamente para uma falésia, deixando um bilhete que a sua mãe destruíra imediatamente.
Suki suicidara-se porque estivera convencida de que a sua condição de filha ilegítima era o motivo por que o seu namorado, Charles Fairfax, a deixara para se casar com outra mulher. Razão por que a sua mãe fizera com que jurasse que nunca se envergonharia do seu apelido nem da sua família.
Pensando nisso, Antonio não conseguia evitar sentir-se amargurado. Dera o nome da sua irmã à sua empresa, no entanto, agora esse nome tinha mais significado do que nunca. A carta que descobrira entre os seus papéis pessoais confirmou-lhe que lhe contara a verdade, e Antonio jurara que ia vingar a sua irmã.
Ele não era apreciador de bailes de máscaras e, normalmente, recusava-se a ir a esse tipo de eventos, no entanto, dessa vez tinha um motivo oculto para ter aceitado o convite da família Fairfax.