sab1134.jpg

 

HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2008 Helen Brooks

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Prioridade: sedução, n.º 1134 - outubro 2017

Título original: The Billionaire Boss’s Secretary Bride

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-363-1

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

– Continuo sem conseguir acreditar que te vais embora, que este é o teu último dia de trabalho. Pensava que ias mudar de ideias. Quero dizer que… estiveste aqui toda a tua vida, Gina.

Gina Leighton não conseguiu evitar sorrir à sua colega de trabalho.

– Talvez seja por isso que tenho de me ir embora, Natalie. Porque, como tu disseste, estive aqui toda a minha vida.

Bom, «toda a sua vida» fora onze anos, desde que saíra da universidade com vinte e um anos. No entanto, para Natalie, ela era uma parte inseparável da Breedon & Son, e para o resto do pessoal também. Sobretudo, para ela.

– Sei que não vou dar-me bem com Susan – comentou Natalie com pesar. – Susan não é como tu.

– Vai correr bem, vais ver – mentiu Gina.

Durante as últimas quatro semanas, Gina estivera a ensinar Susan Richards, a sua substituta, as funções do trabalho e logo se apercebera de que Susan não tinha paciência para Natalie. Natalie não era burra, contudo, era um pouco lenta e era preciso explicar-lhe as coisas mais do que uma vez. Porém, Susan decidira ignorar o facto de que Natalie era muito trabalhadora.

No entanto, isso já não era problema seu. Dentro de umas horas, ia sair dos escritórios da Breedon & Son pela última vez. Também ia sair de Yorkshire, lugar onde nascera e crescera, para ir viver para Londres naquele fim-de-semana. Um trabalho novo, um apartamento novo… Enfim, uma vida nova.

Gina mexeu nuns papéis que tinha em cima da sua secretária.

– Natalie, antes da festa de despedida, tenho de acabar umas coisas.

O seu chefe preparara uma pequena festa de despedida e Gina queria acabar algumas coisas antes de ir despedir-se dos seus colegas.

Quando Natalie saiu do escritório de Gina, esta ficou a olhar para a sala grande e confortável que fora o seu local de trabalho durante os últimos quatro anos, desde que fora nomeada secretária pessoal do fundador daquela empresa de maquinaria agrícola. No início, ficara muito feliz devido ao prestígio e ao muito generoso salário do seu novo posto de trabalho. Para além disso, Dave Breedon era um bom chefe, um pai de família cujo sentido de humor se assemelhava muito ao dela. No entanto, Dave Breedon não era o motivo por que queria ir-se embora…

– Não vais mudar de ideias?

Uma voz profunda proveniente da porta fez com que se virasse.

– Não, claro que não – respondeu Gina, tentando disfarçar como ficara nervosa.

Sempre conseguira ocultar os seus sentimentos por Harry Breedon, o único filho e braço direito do seu chefe.

Gina contemplou o seu rosto moreno e atraente.

– Pensavas que ia desistir?

Ele encolheu os ombros.

– A esperança é a última a morrer.

Aquilo era ridículo, pois há muito tempo que aceitara o facto de que a sedução de Harry não significava nada para ele.

– Lamento muito, mas já tenho as malas feitas.

– O meu pai está destruído – Harry entrou no escritório, sentou-se na beira da sua secretária e olhou fixamente para ela.

– Destruído? Não acredito. Aprecio que tenha pena de que eu tenha de me ir embora, mas penso que é só isso, Harry. E Susan, como tu sabes, é muito eficiente.

Susan Richards. Loira, atraente e com o tipo de corpo que qualquer modelo gostaria de ter. O tipo de mulher de que Harry gostava. Durante os últimos doze meses, desde o regresso de Harry ao Reino Unido depois do enfarte do seu pai, Gina ouvira rumores no escritório em relação às inúmeras namoradas de Harry, todas elas loiras e magras. Ao contrário de todas elas, Gina era ruiva e, apesar de as suas curvas voluptuosas terem estado na moda nos tempos de Marilyn Monroe, há muito tempo que tinham deixado de estar.

Como, sabendo tudo aquilo, se apaixonara por Harry?, perguntou-se Gina. Sobretudo tendo em conta que Harry não era o tipo de homem que ficava muito tempo com uma mulher. No entanto, não conseguia evitar os seus sentimentos e estava loucamente apaixonada por ele. Para Harry, ela não era mais do que a secretária que partilhava com o seu pai. É claro, davam-se bem a nível profissional, mas mais nada.

– Pensava que não tinhas gostado de Londres quando estiveste lá na universidade. Disseste-me isso uma vez.

Gina franziu o sobrolho.

– Disse-te que tinha ficado contente por voltar para casa, não que não tinha gostado de Londres – disse.

Harry ficou a olhar para ela uns segundos antes de se levantar da secretária.

– Enfim, a vida é tua. Só espero que não acabes por te arrepender da tua decisão. As pessoas podem sentir-se muito sozinhas numa grande cidade.

– Sim, rodeada de gente, mas sem ninguém ao teu lado, não é? – Gina assentiu. – Tenho muitos amigos dos tempos da universidade, portanto isso não será um problema. Para além disso, vou partilhar o apartamento com uma rapariga, portanto não vou viver sozinha.

Gina não acrescentou que estava preocupada com isso. Vivia sozinha há seis anos numas águas-furtadas com vista para o rio. Em sua casa, aos fins-de-semana, fazia o que queria, levantava-se quando queria e não tinha de prestar contas a ninguém. Contudo, o preço das rendas em Londres era muito diferente de Yorkshire e, apesar de o salário do seu novo trabalho ser bom, não era o suficiente para se dar ao luxo de pagar um apartamento sozinha.

– Não te esqueças de deixar a tua nova morada – disse Harry enquanto se encaminhava para a porta. – Talvez te telefone quando for passar uns dias à capital, talvez até te peça que me deixes dormir no sofá uma noite ou duas.

Nem em sonhos! Gina respirou fundo e tentou controlar-se.

– Está bem – respondeu, desejando conseguir odiá-lo.

A sua vida seria muito mais fácil se conseguisse odiá-lo. Para começar, não teria de sair da sua cidade natal… embora não estivesse a ser justa. Antes de se ter apaixonado por Harry, já se apercebera de que estava numa encruzilhada e que tinha de fazer alguma coisa com a sua vida. As suas duas irmãs e a maioria das suas amigas estavam casadas e com filhos e já não saía tanto com elas. Desde que Harry chegara, doze meses antes, ela saíra com alguns homens e fora sempre um desastre. Começara a considerar-se uma solteirona dedicada ao trabalho, à casa e a ser a madrinha dos filhos dos outros.

As suas amigas diziam que era demasiado exigente com os homens e reconheceu que talvez fosse verdade. Para além disso, não estava desesperada por encontrar um marido. Queria era ter uma vida social mais activa: ir ao teatro, ao cinema, a clubes nocturnos, a bons restaurantes e sair com amigos. Afinal de contas, só tinha trinta e dois anos. Era isso tudo que a atraía em Londres.

Fora uma boa decisão. Sim, sem dúvida. É claro, se Harry tivesse mostrado algum interesse por ela… Porém, isso não acontecera.

Gina engoliu em seco, dizendo para si que estava na altura de parar de chorar por ele. Por muito difícil que fosse dizer-lhe adeus, ficar seria um suicídio. Sabia disso desde aquele beijo breve no Natal. Para ele, fora apenas um beijo na face, mais nada. No entanto, ela sonhara com esse beijo noites e noites.

Foi então, no Natal, que decidira que tinha de acabar com aquilo, que tinha de deixar de se torturar por ele. No dia vinte e seis de Dezembro, quando fora passear os cães dos seus pais pelo campo, vira Harry ao longe, acompanhado pela sua loira do momento. Ela escondera-se atrás de uma árvore para que não a vissem e, quando o perigo passara e reatara o passeio, apercebera-se de que deixar a empresa não era o suficiente. Tinha de ir para longe, para um lugar onde não conseguisse encontrar-se com Harry acidentalmente.

Estavam no início de Abril. A Primavera.

Tinha de pensar assim, como se fosse uma oportunidade, como um novo começo. Não devia sentir que o mundo estava a acabar.

No entanto, não se sentia muito feliz quando se reuniu com o pessoal da empresa no bar. Ficou emocionada ao ver que todos os empregados estavam presentes, mais de uma centena, todos reunidos para se despedirem dela. Ainda ficou mais emocionada quando lhe deram como presente um sistema de navegação por satélite para o carro.

– Para que não te percas quando vieres visitar-nos – brincou Bill Dent, o director de contabilidade, ao dar-lhe o presente.

Gina tinha fama, e com toda a razão, de não ter nenhum sentido de orientação.

– Muito obrigada a todos – concluiu Gina depois de um pequeno discurso sem conseguir evitar olhar para Harry mais do que devia e sem deixar de reparar que Susan Richards não o largava nem por um segundo.

Gina alegrou-se quando, uma hora depois, as pessoas começaram a ir para casa. Quando só restava uma meia dúzia de pessoas, Gina dirigiu-se para o gabinete para arrumar as suas coisas. Sentindo-se extremamente triste, deixou-se cair na sua cadeira e olhou à sua volta.

Dave entrou um momento depois, com Harry atrás de si. Abanando a cabeça, Dave disse:

– Já te disse que não devias ir-te embora. Eu não sou o único que pensa isso. Todos concordam comigo, menos tu, é claro.

«Nem todos», pensou ela.

Forçando um sorriso, Gina conseguiu dizer num tom ligeiro:

– Tenho de ampliar os meus horizontes e é agora ou nunca. Dizer adeus é muito difícil, mas…

– Já que estamos a falar destas coisas… – Dave enfiou a mão no bolso e tirou uma pequena caixa embrulhada em papel de presente. – É um presente de agradecimento. Estou a falar a sério, foste a melhor secretária que alguma vez tive e não estou a tentar chantagear-te, é mesmo verdade. Enfim, se não conseguires habituar-te a Londres, sabes que, para ti, haverá sempre trabalho aqui, na Breedon & Son.

– Meu Deus, é lindo! – depois de abrir a caixa, Gina olhou para o delicado relógio de ouro que havia dentro da caixa. – Muitíssimo obrigada. Não esperava…

Contudo, não conseguiu continuar a falar.

– Harry escolheu-o – disse Dave. – Eu ia dar-te um cheque, pois na minha opinião é bem mais prático do que uma prenda, mas Harry achou que seria melhor oferecer-te alguma coisa que te recordasse o tempo que passaste aqui e, como tinha reparado que há umas semanas que não usavas relógio…

– Sim, o meu avariou-se – sussurrou.

Harry reparara.

– Enfim, bom, espero que tenhas gostado – Dave queria acabar com aquilo o mais depressa possível, pois era demasiado emotivo para ele. – Não te esqueças de vir visitar-nos quando vieres visitar os teus pais, está bem, filha? Enfim, eu vou-me embora. A minha mulher está à minha espera porque vamos sair esta noite.

Dave virou a cabeça e, olhando para o seu filho, acrescentou:

– Harry, não te esqueças de fechar o escritório quando saíres. Não te preocupes com a fábrica, alguém ficou encarregado de a fechar.

– Adeus, senhor Breedon – disse Gina, levantando-se para apertar a mão do seu chefe, que era da velha escola e não dava beijos nem abraços a ninguém. No entanto, impulsivamente, ela pôs-se em bicos dos pés e beijou a face de Dave Breedon antes de voltar a sentar-se.

Dave pigarreou.

– Adeus, filha. Boa sorte – disse Dave e, depois, saiu apressadamente.

Depois de uns segundos em silêncio, Harry comentou:

– Não vi o teu carro no estacionamento esta manhã.

Surpreendida, Gina olhou para ele, enquanto arrumava uns papéis que tinha em cima da sua secretária. Harry, encostado contra a parede, devolveu-lhe o olhar. Ela já reparara na capacidade que Harry tinha de não mostrar o que estava a pensar. Talvez fosse isso, em parte, o que lhe dera tanto sucesso nos negócios desde que acabara os seus estudos universitários e trabalhara na Alemanha, na Áustria e nos Estados Unidos. Quando regressara para ajudar o seu pai com a empresa, deixara um trabalho de muita responsabilidade e muito bem pago numa empresa farmacêutica dos Estados Unidos, embora tivesse sido Dave Breedon quem lhe contara. Harry nunca falava do seu passado.

– O meu carro? Bom, como sabia que ia beber, não trouxe o carro. Pensei que era melhor ir de táxi para casa.

– Não é necessário – Harry endireitou-se. – Eu posso levar-te a casa.

«Não, não, não!» Gina sabia qual era o seu carro, um carro desportivo sedutor, que atraía a atenção de todas as mulheres.

– Obrigada, mas não é necessário. Para além disso, não fica a caminho.

Harry sorriu. Gina perguntou-se se tinha consciência do efeito devastador do seu sorriso. Sim, devia ter.

– Está uma tarde linda e não tenho nada para fazer. Tenho todo o tempo do mundo.

– Não, a sério. Não quero incomodar.

– Eu insisto – replicou Harry.

– E eu insisto em ir de táxi.

– Não sejas parva – Harry voltou a aproximar-se da secretária e sentou-se na beira, um hábito que ela também tinha. – Estás triste porque te vais embora. Passaste a tua vida toda aqui. Não posso deixar que vás para casa de táxi.

– Eu prefiro ir de táxi.

– Isso é uma tolice e sinto-me no direito de ignorar o que estás a dizer. Não se fala mais nisso. Vou buscar o meu casaco.

– Harry! – gritou, enquanto ele se dirigia para a porta.

– Sim, Gina? – Harry virou a cabeça mesmo antes de sair.

Finalmente, Gina deu-se por vencida.

– Isto é ridículo – murmurou ela.

– Vamos, veste o casaco e pára de protestar.

Harry regressou um minuto depois. Depois de pegar no sistema de navegação para a libertar do peso, Gina deu-lhe as chaves do seu escritório.

– Toma. Tinha intenção de as dar a Susan, mas…

Sem fazer qualquer comentário, Harry aceitou as chaves e guardou-as no bolso.

Enquanto se aproximavam do elevador, Gina disse:

– Obrigada pelo relógio, Harry. É realmente lindo.

– De nada.

Quando entraram no elevador, Harry acrescentou: